UOL


São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

Texto Anterior | Índice

Escritor gaúcho recebeu 35 dos 36 votos da casa e dedicou sua vitória ao Rio Grande do Sul

Moacyr Scliar é eleito imortal na ABL

SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

O escritor e médico gaúcho Moacyr Scliar, 66, foi eleito ontem para a cadeira número 31 da ABL (Academia Brasileira de Letras), deixada pelo romancista Geraldo França de Lima, morto em março deste ano. Ele recebeu 35 dos 36 votos da casa.
Scliar, que é colunista da Folha, dedicou a vitória ao Rio Grande do Sul e agradeceu ao Estado pela campanha a favor da sua candidatura. "Foi quase uma unanimidade. Pelo que sei, uma votação rara. Eu transfiro a alegria da vitória para o nosso Estado, e é a ele que eu preciso agradecer pelo apoio. Foi mais do que uma candidatura, foi uma causa. Eu ficava emocionado cada vez que andava nas ruas de Porto Alegre e as pessoas me abordavam, dizendo que estavam torcendo por mim."
A notícia do resultado da eleição foi dada a Scliar por telefone pelo acadêmico Arnaldo Niskier. Scliar estava na casa do presidente da ABL, Alberto da Costa e Silva, onde encontrou os outros imortais ao fim da contagem dos votos.
Durante a comemoração, o escritor recebeu telefonemas de políticos e de integrantes do governo do Rio Grande do Sul, parabenizando-o pela vitória.
Ele disse que frequentará a Academia, mesmo não morando no Rio. "Virei todas as vezes que puder. Mas também vou tentar levar as atividades da ABL para o Rio Grande do Sul."
Para Scliar, a vitória "é um título que representa um reconhecimento. Espero que minha vida não mude em nada, vou continuar escrevendo, dando aulas e palestras e jogando o meu péssimo basquete".
Ele também lembrou o escritor gaúcho Mário Quintana (1906-1994), que se candidatou duas vezes a uma cadeira na ABL, mas não conseguiu se eleger. Segundo Scliar, sua eleição "preenche uma lacuna" da história da casa e recupera o prestígio dos escritores do Rio Grande do Sul.
O escritor contou que, além da motivação pessoal, teve o incentivo de diversos setores para que se candidatasse. O apoio veio de escritores da sua geração, dos integrantes da Academia e de políticos e intelectuais de seu Estado.
"Foi muito boa a vitória, mas o mais importante é a nossa urna interna, a eleição de dentro. É a contagem desses votos que nos diz se estamos fazendo a coisa certa na vida." Antes de voltar para Porto Alegre, ele irá a Parati (RJ), onde acontece a Festa Literária Internacional. Sua posse será em setembro, mas a data ainda não foi definida.


Texto Anterior: Produtores vetam a exibição de filme sobre tráfico no "Fantástico"
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.