|
Texto Anterior | Índice
Escritor gaúcho recebeu 35 dos 36 votos da casa e dedicou sua vitória ao Rio Grande do Sul
Moacyr Scliar é eleito imortal na ABL
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
O escritor e médico gaúcho
Moacyr Scliar, 66, foi eleito ontem para a cadeira número 31 da
ABL (Academia Brasileira de Letras), deixada pelo romancista
Geraldo França de Lima, morto
em março deste ano. Ele recebeu
35 dos 36 votos da casa.
Scliar, que é colunista da Folha, dedicou a vitória ao Rio
Grande do Sul e agradeceu ao
Estado pela campanha a favor da
sua candidatura. "Foi quase uma
unanimidade. Pelo que sei, uma
votação rara. Eu transfiro a alegria da vitória para o nosso Estado, e é a ele que eu preciso agradecer pelo apoio. Foi mais do
que uma candidatura, foi uma
causa. Eu ficava emocionado cada vez que andava nas ruas de
Porto Alegre e as pessoas me
abordavam, dizendo que estavam torcendo por mim."
A notícia do resultado da eleição foi dada a Scliar por telefone
pelo acadêmico Arnaldo Niskier. Scliar estava na casa do presidente da ABL, Alberto da Costa e Silva, onde encontrou os outros imortais ao fim da contagem dos votos.
Durante a comemoração, o escritor recebeu telefonemas de
políticos e de integrantes do governo do Rio Grande do Sul, parabenizando-o pela vitória.
Ele disse que frequentará a
Academia, mesmo não morando no Rio. "Virei todas as vezes
que puder. Mas também vou
tentar levar as atividades da ABL
para o Rio Grande do Sul."
Para Scliar, a vitória "é um título que representa um reconhecimento. Espero que minha vida
não mude em nada, vou continuar escrevendo, dando aulas e
palestras e jogando o meu péssimo basquete".
Ele também lembrou o escritor gaúcho Mário Quintana
(1906-1994), que se candidatou
duas vezes a uma cadeira na
ABL, mas não conseguiu se eleger. Segundo Scliar, sua eleição
"preenche uma lacuna" da história da casa e recupera o prestígio dos escritores do Rio Grande
do Sul.
O escritor contou que, além da
motivação pessoal, teve o incentivo de diversos setores para que
se candidatasse. O apoio veio de
escritores da sua geração, dos integrantes da Academia e de políticos e intelectuais de seu Estado.
"Foi muito boa a vitória, mas o
mais importante é a nossa urna
interna, a eleição de dentro. É a
contagem desses votos que nos
diz se estamos fazendo a coisa
certa na vida." Antes de voltar
para Porto Alegre, ele irá a Parati
(RJ), onde acontece a Festa Literária Internacional. Sua posse
será em setembro, mas a data ainda não foi definida.
Texto Anterior: Produtores vetam a exibição de filme sobre tráfico no "Fantástico" Índice
|