São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2008

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Crítica/"A Múmia - Tumba do Imperador Dragão"

Fria e arrastada, nova aventura da "Múmia" troca Egito pela China

Blockbuster estrelado por Brendan Fraser sofre com direção burocrática e roteiro que tenta, sem sucesso, imprimir humor

Divulgação
Os atores Brendan Fraser e Maria Bello em cena do novo episódio de "A Múmia', que estréia hoje

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

A Universal tem investido pesado para reanimar sua mais sólida tradição nos primórdios de Hollywood: a dos filmes fantásticos e de horror. Com o imenso sucesso de "Drácula", de Todd Browning, e "Frankenstein", de James Whale, lançados em 1931, o estúdio passou a produzir filmes de horror baratos e rentáveis. Entre eles estava "A Múmia" (1932), de Karl Feund. A retomada dessa tradição está radicalmente transformada. A primeira versão de "A Múmia" como blockbuster estreou em 1999 e custou nada menos que US$ 80 milhões. Dois anos depois, "O Retorno da Múmia" foi orçada em US$ 98 milhões. Ambos compensaram os altos investimentos. Sete anos após o segundo capítulo, eis que a múmia ressurge em "Tumba do Imperador Dragão". O novo filme troca a direção: sai Stephen Sommers ("Van Helsing"), entra Rob Cohen ("Velozes e Furiosos"). A franquia perdeu. Não que Stephen Sommers tenha feito obras-primas, mas suas múmias eram mais divertidas e cativantes que as de Cohen. Mais uma vez estrelado por Brendan Fraser, mas agora com Maria Bello no papel da heroína interpretada por Rachel Weisz anteriormente, "A Múmia 3" se transfere do Egito para a China. Segundo a "lenda" contada no filme, esculturas de terracota seriam resultado da maldição de uma feiticeira contra um exército sanguinário do terrível período de unificação do país. À frente desse exército está Jet Li, um dos grandes astros do cinema de ação chinês. Sua presença é o mais forte índice de que essa produção está de olho no mercado chinês. O material de divulgação diz que Li não teria muito tempo disponível para as filmagens, mas não se importou que seu personagem fosse recriado no computador. Em suas rápidas aparições ele é rapidamente transformado em criaturas de areia e até em um dragão voador. O resultado é excessivamente frio para um filme de aventura. O roteiro faz esforço para imprimir humor e leveza a um dinossauro pesado. A aparição de um filho do personagem de Brendan Fraser é uma solução um tanto mal desenvolvida, que não se consuma como uma "passagem do bastão". Por fim, a direção de Cohen, um burocrata, só adiciona peso a um filme que parece uma parada de caminhões de areia digital.

A MÚMIA - TUMBA DO IMPERADOR DRAGÃO
Produção: EUA, 2008
Direção: Rob Cohen
Com: Brendan Fraser, Jet Li
Onde: Iguatemi Cinemark e circuito
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos
Avaliação: regular



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