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Nunca fiquei tão feliz em acabar um livro, diz Welsh
WENDY CAVENETT
do "Independent"
Com Irvine Welsh, nunca fica
claro se tudo que ele diz fazer é em
nome de um bom show ou se ele
genuinamente acredita em tudo
que diz e faz. Quando ele fala de
seu sucesso, por exemplo, parece,
para quem está de fora, que ele
preferia tomar ecstasy.
"É muito embaraçoso. É apenas
lixo. Eu fiquei entediado com o sucesso depois de seis semanas." E
falando de seu último trabalho, ele
diz: "Nunca fiquei tão feliz em
acabar um livro".
O incômodo livro é "Filth", um
caso da mais básica sordidez e depravação moral. Em "Filth",
Welsh constrói uma bizarra comédia noir que tem todas as ásperas atrações de seus trabalhos anteriores. E o que Welsh descreve
como sua marca registrada, a prosa "psicoativa", nunca foi tão
cheia de energia ou cruel.
"Eu odeio esse canalha", diz
Welsh sobre Bruce Robertson, o
personagem de seu livro, "mas eu
não gosto mesmo de personagens
que são muito fáceis, que me deixam feliz. Eu gosto de personagens que contradizem o que eu
acredito sobre o mundo."
Nesse contexto, Robertson pode
apenas ser escrito como o personagem de Welsh por excelência.
Racista, sexista, homófobo e totalmente imoral, Robertson incorpora os aspectos mais terríveis da
natureza humana.
Separado de sua mulher, Carole,
e pai de uma menina, Robertson é
um sargento-detetive na polícia
escocesa, louco por uma promoção e próximo de uma semana em
uma Amsterdã onde ele irá saciar
seus vícios. Robertson tira um
prazer malicioso em tudo, salvo
seu trabalho enfadonho e uma
horrível erupção genital.
"Eu queria escrever sobre instituições", afirma Welsh. "Eu pensei originalmente em escrever sobre uma prefeitura local, mas não
havia conflito suficiente. Notei todos esses casos contra a polícia,
como racismo e discriminação sexual. Eu queria escrever algo sobre
isso, esse tipo de cultura misógina,
racista, misantrópica na qual as
pessoas se envolvem."
"E pensei", ele continua,
"Bem, e se tivéssemos alguém
que é um tipo de psicopata genuíno que pode se esconder nesse tipo de cultura?' A ameaça era tentar escrever um personagem que
representasse tudo o que realmente detesto, mas então tentar simpatizar com ele."
Robertson descobre que seu desconforto genital é causado por
uma solitária, que, em típico estilo
Welsh, não apenas tem voz como
é a encarnação da consciência de
Robertson. "Tinha de existir uma
voz de razão chutando contra o
psicopata", opina Welsh, "e a solitária se torna essa voz."
Welsh admite que foi depressivo
escrever "Filth" e espera que ele
"não tenha tanto sucesso quanto
"Trainspotting'". "Eu preferiria
um público menor, hardcore, do
que um enorme."
A idéia de "Filth" nas telas o
deixa um pouco desconfortável.
"É um livro um pouco difícil para
se conviver", ele diz sem medo.
"Eu apenas desejava que alguém
tivesse de mudar Bruce, você sabe,
ajudá-lo a ser uma pessoa melhor.
Ele provavelmente não é o monstro que eu imagino que ele seja."
Tradução
Denise Bobadilha
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