São Paulo, sábado, 1 de agosto de 1998

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DA RUA
Descanso diário

FERNANDO BONASSI

Quando amanhece, como animal de pálpebra transparente que a luz eriça, volta o justiceiro pra casa. Seiscentos paus emprenhados no bolso, vizinhos de cigarros aos tufos, que comerciantes jogam feito confete. Um saco de leite chacoalhando sem bolas, dois pães quentinhos no sovaco. Um resto de perfume entre os pêlos. Pólvora vitrificada nas palmas, como maquiagem de crucificação. Toma um banho daqueles. Esfrega-se tanto na bucha, mas tanto na bucha, que se diria de si.



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