WILLIAM LI
especial para a Folha

Nunca um tema foi tão trabalhado de forma contrapontística quanto o que foi proposto a Bach por Frederico 2º da Prússia.
Vários são os relatos do célebre encontro do "velho" Bach com o rei, que o convidou para suas reuniões musicais no palácio de Charlottenburg. Frederico tocou um tema para que ele desenvolvesse.
Bach improvisou na hora uma fuga a três vozes sobre o "tema real". O rei ficou tão impressionado que convidou Bach para um segundo encontro, em que este improvisou uma fuga a seis vozes.
Como resultado desses encontros, surgiu a "Oferenda Musical BWV 1079", que, com a "Arte da Fuga", constitui a última grande obra contrapontística de Bach.
Durante sua estada na Prússia, Bach escreveu as fugas a três e a seis vozes, acrescentadas de uma série de complexos cânones e emolduradas por uma triosonata para flauta, violino e baixo-contínuo, mandou imprimi-las e ofereceu-as ao rei.
A "Oferenda Musical" é formada por 13 obras em várias formas contrapontísticas em que predomina o canôn, a forma mais perfeita e complexa de contraponto.
No "Ricercar a Três", a primeira peça da coleção, Bach faz uso do acróstico "Regis Iussu Cantio Et Reliqua Canonica Arte Resoluta" (Tema Composto por Ordem do Rei e o Restante Desenvolvido Segundo a Arte Canônica). A versão lançada pela Deutsche Harmonia Mundi foi feita com todo o cuidado histórico e o mínimo de instrumentos -todos de época.
Alguns cânones soam estranhos, como na combinação da flauta e do cravo apenas, ou no "Ricercar a Seis", em que o cravo não executa sozinho as seis partes, mas é "ajudado" pela viola da gamba, violino e flauta. No entanto, trata-se de música pura, podendo ser realizada por diferentes combinações instrumentais ou até vocais.

CD: Oferenda Musical BWV 1079 Autor: J.S. Bach
Lançamento: Deutsche Harmonia Mundi/BMG
Quanto: R$ 29 (em média)



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