São Paulo, sábado, 1 de agosto de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice WORLD MUSIC Discos atingem produção musical grega, libanesa, argelina, nigeriana, japonesa e flamenca Pacote Hemisphere dá a volta ao mundo
CELSO FIORAVANTE Chamar Fairuz de "legendária", como o faz o título do CD que a EMI está trazendo ao Brasil, em seu novo pacote Hemisphere, definitivamente não é um exagero. A cantora libanesa é uma das mais belas vozes do mundo árabe. Nascida em Beirute, adotou um nome que significa "turquesa" devido ao brilho e à sensualidade de sua voz. Ao contrário das grandes musas da canção árabe, Fairuz não se ateve às canções românticas, mas misturou instrumentação árabe tradicional e música européia. A mistura era reflexo do sistema de vida libanês no pós-Guerra, que se abria às influências ocidentais. O sucesso foi maior ainda porque Fairuz acrescentou a seu repertório canções tradicionais e do campo e isso agradou às populações rurais que se transferiram para os grandes centros, principalmente Beirute, nos anos 50. O Líbano na década de 50 também foi fundamental na carreira de Warda, cantora franco-argelina que saiu fugida de Paris, onde já iniciava sua carreira artística, quando sua família foi expulsa do país, pois seu pai estava intimamente envolvido na luta pela libertação da Argélia. A diferença é que Warda é mais romântica. Paixão e ciúme ardem como fogo indomável na voz da artista, "a rosa da Argélia", que, como Fairuz, além de cantora, foi atriz de sucesso. Warda é tão romântica que chegou a abandonar a carreira por dez anos, entre 1962 e 1972, quando esteve casada. O fim de seu casamento deu ainda mais argumentos para seu repertório. Sua introdução à música começou em casa. O pai era dono de um clube noturno chamado Tam Tam (iniciais de Tunísia, Argélia e Marrocos, os três países do Magreb), point de qualquer visitante árabe na cidade. Ali ela ensaiou os primeiros passos musicais. A África enriquece ainda o pacote Hemisphere com "Ju Ju Jubilation", CD que traz faixas dos anos 70 e 80 do nigeriano Ebenezer Obey, músico e pastor religioso que em vez da "Bíblia" preferiu a guitarra como instrumento de catequese, embora tenha chegado a compor canções com letras do "Novo Testamento" e em ritmo de "ju ju music". Obey canta um tipo de "ju ju music" conhecida como "miliki", mais ritmada e muito mais longa (não é raro que as faixas ultrapassem dez minutos de duração). A "ju ju music" existe desde os anos 30, mas foi Obey que a ocidentalizou, incluindo instrumentos como baixo, teclados e bateria. O pacote Hemisphere traz ainda uma coletânea de músicas gregas, "The Dance of Heaven's Ghosts" (leia texto abaixo), um CD com faixas instrumentais de quatro históricos guitarristas de música flamenca e um volume com composições para os tradicionais instrumentos japoneses: o koto e o shakuhachi . Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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