São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2004

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ANÁLISE

Nostalgia e varejo estridente recomeçam

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Entra novela, sai novela e o varejão das casas Bahia fica mais estridente.
"Da Cor do Pecado" acabou com direito a extermínio de vilões, o nascimento de sensacionais trigêmeos Sardinha, o reaparecimento milagroso do finado Apolo, entre outros requintes de final feliz hiperbólico.
Já o primeiro capítulo da nova novela, "Começar de Novo", pegou pesado, de novo. Nem parecia texto de Antônio Calmon, célebre por seus trabalhos ágeis e novidadeiros como "Armação Ilimitada", seriado que veio na esteira do filme "Menino do Rio", ou novelas como "O Beijo do Vampiro".
A sinopse prevê personagens engraçados. Eva Wilma deliciosa senhora vilã. Marília Pera faz uma hippie que ainda está voltando -a pé- de Woodstock. Há um seriado tipo "I Love Lucy" dentro da história.
A novela é nostálgica. A personagem grave de Marcos Paulo, se dedica a recuperar a memória, sua outra metade, literalmente representada em uma medalha dividida. No Brasil, a protagonista e detentora da outra medalha (Natália do Vale), apesar de bem-sucedida, casada e com filhos, vive da lembrança do romance adolescente interrompido pelo assassinato do amado.
Antônio Abujamra faz um russo, melhor amigo do protagonista. Também com ares passadistas, a personagem alude ao bruxo Ravengar, sua interpretação mais célebre, de 15 anos atrás.
Ao contrário de muito manguezal baiano, onde se diz a boca pequena que a exploração de gás por nossa gigante estatal vem acabando com peixes e caranguejos, aqui petróleo e uma pujante indústria pesqueira convivem.
A novela foi preparada, mas não teve o anunciado merchandising. Em compensação, teve overdose do garoto propaganda da popular loja de departamentos. Uma já é demais, o que dizer de três inserções em um mesmo intervalo comercial?


Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP


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