Banda de Nova York será uma das atrações do Tim Festival que acontece em outubro no Rio e em SP

THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A LEEDS

O barulho, bem esculpido, torna-se uma sinfonia. Parece ser esse o mote que norteia a banda nova-iorquina TV on the Radio. Se nos dois discos de estúdio o grupo dosa o "noise" roqueiro (do tipo Sonic Youth) com melodias pop (do tipo Talking Heads), em show ele pende para o primeiro. Pelo menos foi assim no festival de Leeds, no norte da Inglaterra, no domingo passado, e deve ser assim no Brasil, no Tim Festival (tocam em 28 de outubro no Rio e no dia seguinte em SP).
O show em território britânico foi curto (45 minutos) e baseado nos álbuns "Desperate Youth, Blood Thirsty Babes" (2004) e "Return to Cookie Mountain" (lançado há pouco tempo na Europa).
Ambos devem muito ao pós-punk minimalista, mas com aditivos eletrônicos e experimentações. A crítica adora a enxurrada de referências despejada pela banda, mas sua música não é das mais fáceis.
No palco, Tunde Adebimpe mexe a cabeça e os braços de forma desconexa, e sua voz é emoldurada por várias camadas de ruídos saídos das guitarras de Kyp Malone e David Sitek. Baixo e bateria completam a harmonia. Os músicos são tão competentes que, em uma ou duas canções, salta a impressão de uma banda desconexa -a voz em falseto de Adebimpe é atropelada pela velocidade das guitarras de Malone e Sitek.
Mas, na maior parte do show, o TVOTR se mostra coeso, e o que fica na memória é a grandiosidade de "Dreams", a urgência de "Wolf Like Me" e a belíssima "Staring at the Sun".

Festival
O TV On The Radio teve a missão mais amarga do festival: tocar no mesmo horário do fenômeno Arctic Monkeys.
O evento de Leeds, criado em 1999, faz parte do Carling Weekend, que acontece sempre no último final de semana de agosto e engloba evento em Reading (próxima a Londres) que existe desde 1961 -as bandas que tocam na sexta em Leeds se apresentam no domingo em Reading; quem está em Reading no sábado vai a Leeds no dia seguinte. Leeds reúne, em cada um de seus três dias, 70 mil pessoas em quatro tendas.
Pouco depois das 22h, a chuva aumentou, a lama tomou o que ainda havia de grama e o cheiro dos restos de batatas fritas, hambúrgueres e noodles jogados no chão passou o limite do insuportável. Hora de ir.