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Pauleira
Metallica lança nono disco, "Death Magnetic", de volta ao thrash metal dos anos 80; o guitarrista Kirk Hammet fala sobre as brigas e o momento atual 'de inspiração'
Helmut Fohringer - 5.jul.07/Efe
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Kirk Hammet, guitarrista do Metallica, em ação em Viena
JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
Menos de 24 horas após encerrar o festival de Leeds para
60 mil pessoas, o guitarrista
Kirk Hammet espera pela imprensa num quarto do hotel
Claridge's, um dos mais sofisticados de Londres.
Com lançamento mundial no
próximo dia 12, "Death Magnetic" justifica o empenho da gravadora Universal em promovê-lo. O nono álbum de estúdio do
Metallica tem tudo para alcançar boas vendas nesta atual fase
negra do mercado fonográfico,
uma vez que resgata a sonoridade thrash metal que deu fama ao grupo nos anos 80.
Hammet respondeu sobre o
que aconteceu com a banda depois das traumáticas gravações
de "St. Anger", sobre o fim da
longa parceria com o produtor
Bob Rock (e o início de uma
com Rick Rubin) e seu papel
apaziguador na formação. Leia
a seguir os principais trechos
da entrevista.
FOLHA - Agora que já se passaram
cinco anos desde o lançamento de
"St. Anger", como você vê esse álbum na discografia do Metallica?
KIRK HAMMET - Acho que é o álbum que precisávamos fazer
para chegar ao ponto em que
estamos agora, para voltarmos
a ser uma banda. Era uma situação em que estávamos nos
destruindo. Fizemos o melhor
que conseguimos naquelas circunstâncias. Agora estamos
ótimos, inspirados. A grande
diferença é que, durante o processo do "St. Anger", éramos
três caras e o [produtor] Bob
Rock tocando baixo. Não éramos o Metallica. Quando o Rob
[o baixista Robert Trujillo] entrou na banda, depois da gravação do "St. Anger", levou um
tempo para nos acostumarmos
com a nova situação, acharmos
nossa química e descobrirmos
o papel dele na banda. Começamos a escrever as músicas do
"Death Magnetic" e percebemos que ele era parte da família. Então, neste novo álbum, finalmente soamos como uma
banda outra vez.
FOLHA - Na turnê do "St. Anger",
muitas vezes vocês tocavam só duas
músicas do disco. Depois que o lançaram, perceberam que era ruim?
HAMMET - Não, eu nunca disse
isso. Acho que ele é um grande
disco, fantástico. Sei que tem
muita gente que discorda de
mim, mas acho que algumas
músicas são demais. "Frantic"
é tão boa quanto qualquer canção que já escrevemos.
FOLHA - Você pode descrever como
é um dia no estúdio com Bob Rock e
outro com Rick Rubin?
HAMMET - Isso é praticamente
a diferença entre a noite e o dia.
Bob Rock é o tipo do cara que
domina o estúdio. É o primeiro
a chegar, o último a sair. Rick
Rubin nos colocou no caminho
para a essência da banda. Ele
nos deixou por nossa conta. Isso resultou numa visão pura do
Metallica, menos diluída por
um membro de fora.
Quando tínhamos discussões
com Rubin, o interessante era o
fato de ele não ser músico. Só
conseguia interferir com coisas
simples. Falava "isso funciona"
ou "isso não funciona", usando
apenas a intuição. Para mim,
foi ótimo, quase uma revelação.
Não houve muita intelectualização da música.
FOLHA - O disco novo tem um clima bem thrash metal dos anos 80. E
isso também dá para sentir no disco
dos irmãos Cavalera...
HAMMET - Acabei de ver um
show deles, por sinal.
FOLHA - Você acha que talvez possamos estar vivendo o começo de
um revival dessa sonoridade?
HAMMET - É totalmente possível. O thrash metal oitentista
está influenciando muita gente. Tem bandas, como Lamb of
God, Tivium e Shadows Fall,
que emulam aquele som. E essa
é uma geração novíssima de
bandas. Dá para ver de duas
formas: achar que essa onda
nunca desapareceu ou que as
pessoas estão fazendo um revival para retornar àquela essência. Essa essência sobre a qual
tanto falo está fincada nos anos
80. É impossível negar.
FOLHA - Rick Rubin chegou a estimular a banda a soar mais vintage?
HAMMET - Não usaria a palavra
vintage porque isso indica algo
velho e que sempre será velho.
O que fizemos foi pegar alguns
elementos do nosso som dos
anos 80 e aplicá-los ao que estamos fazendo no presente. Isso
nos permitiu criar algo moderno e novo. Não acho que esse álbum soe vintage. Isso foi a única coisa que não quisemos fazer: um disco vintage.
FOLHA - No documentário "Some
Kind of Monster", você parece ser o
mais centrado. Como consegue
manter a sanidade no meio das brigas entre [o baterista] Lars [Ulrich] e
[o vocalista] James [Hetfield]?
HAMMET - Eu também brigo
muito com eles. Algumas vezes,
fico pensando por que ainda faço isso. É a dinâmica das nossas
personalidades que nos coloca
nessas situações, mesmo quando a química musical está legal.
Sou um cara que consegue ver
tudo de uma maneira bem clara. Estou sempre tentando fazer com que as coisas não cheguem longe demais.
FOLHA - Você pode falar da importância de Robert Trujillo, já que esse
é o primeiro disco que ele grava com
o Metallica?
HAMMET - Robert é ótimo. Ele
completou aquele espaço que
estava faltando e que vínhamos
procurando desde que Cliff
Burton morreu. Jason Newsted ficou na banda por 14 anos,
mas não acho que ele tenha desempenhado o papel que queríamos completamente. Já o
Rob é um grande músico, um
grande compositor, superpositivo e energético, com uma atitude que nos inspira.
FOLHA - Você tem lembranças das
suas passagens pelo Brasil?
HAMMET - Sempre adoro ir para o Brasil. As pessoas são calorosas, o país é lindo. Amo bossa
nova, Tom Jobim, João Gilberto. E adoraria ir para o Brasil
para surfar, pois isso nunca tive
tempo de fazer. As mulheres
são bonitas, a comida é maravilhosa. Estaremos em turnê pelos próximos dois anos e vou
torcer para que a América do
Sul esteja no calendário.
O jornalista JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR viajou a convite da gravadora
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