São Paulo, quinta-feira, 01 de setembro de 2011

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Tragédia do Joelma reaparece em fotos

Aposentado no interior paulista encontrou cromos do incêndio esquecidos no fundo de uma gaveta há 37 anos

Imagens publicadas na Folha em 1974 haviam sido emprestadas a funcionário de banco que as devolveu agora

SILAS MARTÍ

DE SÃO PAULO

Quando decidiu jogar fora uma escrivaninha toda infestada de cupins, um aposentado em Rio Claro, no interior paulista, encontrou uma série de cromos que mostram minuto a minuto o incêndio que consumiu o edifício Joelma em 1º de fevereiro de 1974.
José Francisco de Faria Junior, 71, havia pego as imagens emprestadas na Folha no ano do incêndio. Devolveu-as agora junto a uma carta em que se diz "muito constrangido por tanto atraso".
São fotografias feitas da janela do hotel Cambridge, em frente ao Joelma, na avenida Nove de Julho, publicadas num caderno especial do jornal, chamado "A Anatomia de um Incêndio", dois dias depois da tragédia que acabou matando 187 pessoas.
Na época, a Folha identificou o autor das imagens como o engenheiro sueco Eivind Molberg, que estava hospedado no velho Cambridge.
Faria Junior conta que naquela manhã estava no centro da cidade e se juntou a um grupo de estrangeiros que subiu ao oitavo andar do hotel para ver de perto as chamas que consumiam o Joelma.
"Tenho memória do pessoal morrendo queimado lá em cima, de gente se jogando lá do alto", lembra. "Vi um padre que passou na rua e fez uma cruz na cabeça de um homem que se jogou e virou só uma poça de sangue."
Diante do horror, empresas tentaram treinar funcionários em caso de fogo. Daí que Faria Junior, que trabalhava então no Bradesco, foi incumbido de criar uma projeção de slides para funcionários do banco e pediu emprestada a série de imagens.
"Elas ficaram em meu poder, guardadas num envelope dentro da minha escrivaninha, mas são propriedade do jornal", disse Faria Junior. "Decidi então mandá-las de volta. Foi obra do acaso."


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