São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2004

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RUÍDO

Show e CDs festejam 70 anos de Doris Monteiro

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Após longos anos de divórcio com a grande mídia, a veterana cantora Doris Monteiro desfruta de surto de revalorização. Um show comemorativo no dia do seu aniversário de 70 anos, no próximo dia 21 de outubro, no Sesc Pompéia, virá acompanhado do relançamento em CD de seus principais discos dos anos 60 e 70, editados originalmente na Philips e na Odeon.
Doris, que já emprestou sua voz a vertentes distintas de MPB como samba-canção, bossa nova e samba-soul, dá a dimensão do que representa para ela o show de aniversário, que terá a participação de Alaíde Costa e, talvez, Johnny Alf: "Faz muito tempo que não me apresento com minha banda, só tenho feito show com voz e teclado".
Sobre as reedições, coordenadas por Charles Gavin (Titãs), elas abrangem dois momentos distintos da história de Doris. Os três discos da fase Philips (hoje Universal), editados originalmente entre 61 e 64, documentam a adesão da cantora de geração anterior à bossa nova e ao samba-jazz. Incluem "Palhaçada", "Samba de Verão", "Diz que Fui por Aí"... Os três CDs devem sair em novembro.
Da fase Odeon (hoje EMI), agrupam-se nove discos lançados entre 66 e 78, fase primeiro de transição, depois de imersão no samba-soul, nunca de abandono da bossa. Devem sair neste mês, e nessa primeira leva ficam de fora os quatro álbuns que Doris gravou em dupla com Miltinho -que a EMI promete reeditar mais adiante.

O NÃO-LANÇAMENTO

Ele é mais lembrado por "Pavão Mysteriozo" (74), mas quando essa música virou sucesso, em 76, por ter sido incluída na novela "Saramandaia", o cearense Ednardo já estava em outra. Concebia "Berro", um segundo auge subaproveitado -de acordo com o artista, devido em parte à preferência tardia da RCA (hoje BMG) por "Pavão Mysteriozo". Em tempos bicudos de Censura, o disco sublinhava discursos em favor de liberdade ("Artigo 26") e educação ("Padaria Espiritual") e contra o Brasil opressor de então, em "Passeio Público" ("hoje ao passar pelos lados/ das brancas paredes do forte/ escuto ganidos de morte/ vindos daquelas janelas"), "Abertura", de novo "Artigo 26" ("a ignorância é indigesta pro freguês")... A BMG relançou num "dois em um", mas já está fora de catálogo.

SUPERMERCADO DO RAP
O prêmio carioca de hip hop Hutuz se amplia e, neste ano, vira "Supermercado Hutuz", com debates, mostras de cinema e shows (inclusive dos Racionais MC's). A entrega dos prêmios acontece no Canecão, em 11 de novembro; a lista de finalistas (www.hutuz.com.br) aponta liderança do grupo SNJ, seguido por Gog, Da Guedes, DMN e Dogão.

SAMBA CANDIDATO
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, lança terça-feira, no Palácio do Planalto, a candidatura do samba de roda a patrimônio oral da humanidade. A cerimônia de apresentação do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial será a plataforma.

OUVINTES CRÍTICOS
A distribuidora independente Tratore convida os ouvintes de seus discos a virarem críticos de música. Quem for ao site www.tratore.com.br e escrever resenhas sobre os discos do catálogo concorrerá a CDs grátis, que serão distribuídos aos que fizerem mais resenhas e, por sorteio, a cadastrados no site. Entre os "resenháveis", estão Arnaldo Baptista, Elza Soares, Carlos Careqa e nomes da nova cena paulistana, como Los Pirata, Hurtmold, Numismata, Mugomango etc.

psanches@folhasp.com.br


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