São Paulo, sábado, 01 de outubro de 2005

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Holandês se inspira no "inferno" paulistano

EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

Recorrente candidato ao Nobel de Literatura, o escritor Cees Nooteboom, 72, é conhecido como "holandês voador". Autor de novelas, contos, diários de aventuras, ele tirar das muitas viagens que faz a inspiração para os livros que escreve. Como é o caso de seu mais recente romance, "Lost Paradise", história protagonizada por duas brasileiras, de São Paulo.
""A História Seguinte", que foi lançado no Brasil, começa em Lisboa e termina perto de Belém do Pará. Até hoje tenho anotações de uma viagem que fiz a Manaus", recorda-se Nooteboom, em entrevista à Folha.
O livro acabou de ser lançado na Holanda e na Alemanha. No Brasil, onde o autor já lançou "Rituais", "Caminhos para Santiago" e "A História Seguinte", pela Nova Fronteira, e "Dia de Finados", pela Companhia das Letras, ainda não há previsão de lançamento.
Em "Lost Paradise" [paraíso perdido, uma referência ao clássico do século 17, escrito pelo poeta inglês John Milton], Nooteboom conta a história de Alma e Almut, duas jovens paulistanas, moradoras dos Jardins, netas de alemães e estudantes de artes plásticas, que partem numa viagem para Austrália, onde Alma tenta se livrar do trauma de ter sido violentada. O ataque acontece num dia em que Alma se perde, de carro, na favela de Paraisópolis.
Na Austrália, as duas se viram com empregos temporários. Alma mergulha no mundo onírico de um artista plástico aborígene, onde esquece o passado e encontra a liberdade. "O paraíso parece ser a Austrália, enquanto São Paulo, o inferno", diz a crítica do jornal holandês "Trouw".
Para escrever "Lost Paradise", Nooteboom recorreu não só às anotações das viagens que fez ao país -as primeiras, no fim dos anos 60, e a última delas em janeiro último, quando o escritor esteve em São Paulo para ver a exposição do artista plástico alemão Jürgen Partenheimer, com quem está fazendo um livro-, como também a dicas de uma brasileira.
"Tenho uma amiga querida, a pintora Cristina Barroso, que é de São Paulo, mas vive na Alemanha. Dela, pude saber alguns detalhes, como nomes de ruas, de flores, pássaros etc.", conta Nooteboom.
Das vindas ao país, Nooteboom tirou também a inspiração para a personalidade de suas personagens: Alma, diz ele, é pensativa, um pouco temperamental; Almut, forte e grandiloqüente.
"Ela diz: "Tenho sempre uma escola de samba inteira atrás de mim'", conta o autor.


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