São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2006

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Ela+ele+ela+ele

Estréia hoje na HBO brasileira seriado em que personagem principal é dissidente mórmon casado com três mulheres

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Na última quarta, a cidade de Hurricane, no Estado de Utah, saiu da rotina modorrenta para se acotovelar na frente da TV e no tribunal e conseguir ver quem é, afinal o sujeito que se denomina "profeta", dirige uma seita e estava na lista dos dez mais procurados do FBI até sua prisão, no começo do mês. Apesar da pele pálida e do olhar morto, Warren Jeffs é aparentemente normal.
Warren Jeffs é polígamo.
Há diversos grupos dissidentes do mormonismo nos EUA que defendem o direito de um homem casar com várias mulheres, embora a seita religiosa fundada em 1827 e conhecida no Brasil como Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, rejeite a prática desde pelo menos 1887.
A própria polícia federal dos EUA calcula entre 40 mil o número de praticantes, só em dois Estados. E todo editor de programa de notícias locais sabe: poligamia traz audiência. Demoraria pouco até que os responsáveis por programas de ficção tivessem o mesmo raciocínio. Para a HBO norte-americana, demorou até o ano passado, quando Tom Hanks apresentou a idéia de uma série.

Uma de cada vez
Em fevereiro, chegaria às TVs daqui "Big Love", que estréia no Brasil hoje. Foi um sucesso inesperado. A série mostra a vida de Bill (Bill Paxton), um comerciante bem-sucedido de Utah, que leva uma vida aparentemente normal -não fosse o fato de ter três mulheres e sete filhos, e de estas morarem em três casas contíguas, com o mesmo quintal. Ele cumpre as obrigações maritais de acordo com um esquema eficaz: cada dia com uma.
Primeiro, a chefe da "tropa", a sensual Barb (Jeanne Tripplehorn); depois, a ciumenta e ultrarreligiosa Nicolette (Chloë Sévigny), que ele roubou do "profeta" (Harry Dean Stanton); por fim, a sexy Margene (Ginnifer Goddwin). E começa tudo outra vez. Bill é um Warren Jeffs a quem assistimos sem culpa. "Se eu vivesse mil anos atrás, provavelmente eu teria várias mulheres", disse Bill Paxton, para quem a idéia é tornar o personagem mais "gente como a gente".
À maneira de "Sopranos", porém, quando a audiência começa a achar "normal" o estilo de vida da família, algo vindo do submundo volta para lembrar que há algo de errado aqui.


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