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Ela+ele+ela+ele
Estréia hoje na HBO brasileira seriado em que personagem principal é dissidente mórmon casado com três mulheres
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Na última quarta, a cidade de
Hurricane, no Estado de Utah,
saiu da rotina modorrenta para
se acotovelar na frente da TV e
no tribunal e conseguir ver
quem é, afinal o sujeito que se
denomina "profeta", dirige
uma seita e estava na lista dos
dez mais procurados do FBI até
sua prisão, no começo do mês.
Apesar da pele pálida e do olhar
morto, Warren Jeffs é aparentemente normal.
Warren Jeffs é polígamo.
Há diversos grupos dissidentes do mormonismo nos EUA
que defendem o direito de um
homem casar com várias mulheres, embora a seita religiosa
fundada em 1827 e conhecida
no Brasil como Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, rejeite a prática desde pelo menos 1887.
A própria polícia federal dos
EUA calcula entre 40 mil o número de praticantes, só em dois
Estados. E todo editor de programa de notícias locais sabe:
poligamia traz audiência. Demoraria pouco até que os responsáveis por programas de
ficção tivessem o mesmo raciocínio. Para a HBO norte-americana, demorou até o ano passado, quando Tom Hanks apresentou a idéia de uma série.
Uma de cada vez
Em fevereiro, chegaria às
TVs daqui "Big Love", que estréia no Brasil hoje. Foi um sucesso inesperado. A série mostra a vida de Bill (Bill Paxton),
um comerciante bem-sucedido
de Utah, que leva uma vida aparentemente normal -não fosse
o fato de ter três mulheres e sete filhos, e de estas morarem
em três casas contíguas, com o
mesmo quintal. Ele cumpre as
obrigações maritais de acordo
com um esquema eficaz: cada
dia com uma.
Primeiro, a chefe da "tropa",
a sensual Barb (Jeanne Tripplehorn); depois, a ciumenta e
ultrarreligiosa Nicolette (Chloë
Sévigny), que ele roubou do
"profeta" (Harry Dean Stanton); por fim, a sexy Margene
(Ginnifer Goddwin). E começa
tudo outra vez. Bill é um Warren Jeffs a quem assistimos
sem culpa. "Se eu vivesse mil
anos atrás, provavelmente eu
teria várias mulheres", disse
Bill Paxton, para quem a idéia é
tornar o personagem mais
"gente como a gente".
À maneira de "Sopranos",
porém, quando a audiência começa a achar "normal" o estilo
de vida da família, algo vindo do
submundo volta para lembrar
que há algo de errado aqui.
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