São Paulo, quarta-feira, 01 de outubro de 2008

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"Fiz um grande disco", diz Liam Gallagher

Com a "modéstia" habitual, cantor do Oasis comenta "mágica" do novo CD e diz não se importar com o gosto dos críticos

Em entrevista em um pub de Londres, vocalista repete que os fãs de Coldplay e Radiohead são "feios" e não poupa elogios a si mesmo


Darryl Dyck - 27.ago.08/Associated Press
Liam Gallagher, em show no Canadá; ao fundo, Noel

PEDRO DIAS LEITE
DE LONDRES

Depois de quatro discos que não foram nem sombras dos dois primeiros, Liam Gallagher, 36, avisa aos fãs e críticos: "A mágica está de volta". Em entrevista, sentado no sofá velho de um pub em Londres, o filho pequeno ao lado, o cantor do Oasis está empolgado.
"Você sabe quando tem a mágica. Gosto quando a mágica está no ar. Acho que a mágica está de volta, esse disco tem mágica. Já fiz discos, os caras já fizeram, tem uns em que a mágica não está lá. Mas, neste, estava no ar. Vocês sabem do que eu estou falando, cara", diz Liam, sobre o sétimo álbum de estúdio, ao lado de Gem Archer e Andy Bell, seus colegas de banda.
Não que Liam se importe -ou ao menos admita que se importa- com a recepção do novo disco. "Se os críticos gostarem, ótimo. Se não gostarem, não gostaram. Esse disco para mim é grande, é grande na minha alma [O título do álbum é "Dig Out Your Soul", algo como "descubra sua alma"]."
"Se as pessoas comprarem 50 milhões de cópias ou se comprarem uma, nada vai tirar o fato de que fiz um grande disco, eu e esses caras fizemos um grande disco. É um ótimo disco", diz o cantor, com sua habitual falta de humildade.
Gravado num estúdio em Abbey Road (lugar tornado antológico pelos Beatles), o novo disco tem 11 faixas, algumas claramente Oasis, outras um pouco diferentes dos trabalhos anteriores. O material promocional da gravadora fala em música com um "groove", o que os três rejeitam. ""Groove" depende de quanta maconha você fumou", diz Liam. "Não importa se as pessoas vão dançar ou não, o que importa é que escutem o disco e se divirtam."

Fãs "feios"
A polêmica do momento em que a entrevista foi concedida, em 16 de agosto (a gravadora agenda a entrevista com a condição de que seja publicada apenas após certa data), era mais uma declaração de Liam, que havia dito que os fãs de Coldplay e Radiohead são "feios e chatos".
"É isso mesmo", confirma. E os fãs do Oasis, como são? "São legais. Não estou dizendo que só temos modelos na platéia, até tem umas pessoas feias. Mas vou te dizer uma coisa, eles têm paixão! Nossos fãs não fazem assim [se levanta, bate palmas com cara de bonzinho e cotovelos grudados], os nossos fãs fazem assim [agita o braço no ar e fala alguns palavrões, seguidos de "yeah!']".
O outro assunto da hora é a vida saudável de Liam, que disse estar pegando mais leve, evitando os excessos. Quer dizer que virou um roqueiro saudável? Ele não responde à provocação, mas olha para as quatro garrafas long neck de cerveja, vazias, e pede mais uma para uma assistente.
"Eu não fumo mais, mas estou em brasa", diz, num trocadilho infame com a palavra "smoking", em inglês.
Enquanto os dois companheiros não se cansam de citar bandas novas que consideram interessantes, Liam se mantém fiel aos Beatles, Stones e cia. "Meus ouvidos são sagrados, por que ouvir alguma coisa nova se você já ouviu isso?" Mas, há 15 anos, essas bandas todas já existiam, por que ouvir Oasis então? "É, faz sentido, você tem um bom ponto", responde o cantor, rindo.
O irmão Noel não estava escalado para a entrevista, mas chegou ao pub por volta das 13h, com cara de acabado.
"Ontem foi pesado, fiquei tomando "shots" com uns amigos até as cinco da manhã", disse ele, jogando-se numa poltrona. Não deixou muita dúvida de que essa é a sua rotina.
"Outro dia me acabei tanto que no dia seguinte dei uma entrevista à BBC1 [uma das rádios de rock mais importantes do Reino Unido] e nem me lembrava. Comecei a receber mensagens de texto dos meus amigos, me dizendo que tinha ficado superengraçado, eu nem sabia de coisa nenhuma."


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