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cinema
CRÍTICA DRAMA
Xavier Dolan cria retrato narcisista da adolescência
Longa "Eu Matei Minha Mãe" narra conflitos familiares do jovem diretor
RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA
Não faltará quem enxergue em "Eu Matei Minha
Mãe" um exercício de narcisismo, histeria e ciclotimia.
Mais difícil será perceber que
esse é o mérito do filme.
O longa de estreia do canadense Xavier Dolan é eficaz
em seu retrato da adolescência justamente por conseguir
não só captar mas incorporar
esses estados tão juvenis.
Dolan tinha 19 anos quando decidiu escrever, dirigir e
protagonizar esse filme autobiográfico sobre sua conturbada relação com a mãe.
A soma da baixa idade
com a sanha autoral chamou
a atenção para o jovem cineasta e lhe rendeu nada menos que três prêmios no Festival de Cannes de 2009.
No filme, ele interpreta
Hubert Minel, garoto homossexual de 17 anos que humilha regularmente a mãe pelos motivos mais banais: as
migalhas de pão que insistem em ficar no canto de sua
boca, uma roupa fora de moda ou a decoração da casa.
Seu drama é típico: ser incapaz de gostar da mãe, de
conviver com ela -e, ainda
assim, saber que é impossível deixar de amá-la.
Isso deságua em raiva,
frustração, culpa, mágoa
-sentimentos mostrados por
Dolan com crueza.
A imaturidade do adolescente impregna o cineasta.
Dolan é um artista verde, ainda muito ansioso para demonstrar que domina todo o
arsenal do "filme de arte", os
silêncios, as palavras escritas
na tela, os diálogos naturalistas, as sequências surreais.
O egocentrismo de Dolan
joga a favor do filme, faz dele
um retrato justo de uma época da vida. "Eu Matei..." não
é um filme sobre a adolescência, e sim um filme adolescente. A dúvida é o que ele
vai fazer quando crescer.
EU MATEI MINHA MÃE
DIREÇÃO Xavier Dolan
PRODUÇÃO Canadá, 2009
COM Anne Dorval, Suzanne
Clément, Xavier Dolan
ONDE Belas Artes e Frei Caneca
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO bom
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