São Paulo, Segunda-feira, 01 de Novembro de 1999
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Porto Alegre vira capital das artes esta semana


Segunda edição da Bienal do Mercosul começa na sexta-feira com obras de 120 artistas de sete países da América do Sul; Iberê Camargo e Pablo Picasso têm mostras especiais no evento da capital gaúcha


CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local


Vai começar o segundo round da luta para deslocar o sul para o centro, pelo menos nas artes contemporâneas. É essa, em linhas gerais, a proposta da Bienal do Mercosul, que começa na próxima sexta-feira na capital gaúcha.
Na verdade, segundo o curador Fábio Magalhães, as propostas norteadoras dessa segunda edição do evento são mais complexas e ultrapassam as questões geográficas. "Ela está trabalhando com as questões de integração, isolamento e identidade, questões trazidas pela globalização. Se antes o isolamento era uma tragédia, hoje ele precisa ser pretendido. Hoje, em tempos de globalização, para se isolar, é preciso tomar uma decisão premeditada. É preciso ter uma atitude deliberada para não se sofrer uma contaminação. Esse é o eixo do trabalho", disse Magalhães.
Orçado em cerca de R$ 6 milhões, o evento reunirá durante mais de dois meses (até 9 de janeiro) obras de cerca de 120 artistas do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Bolívia e Colômbia (esse último como país convidado do evento).
O evento ocupará três espaços na capital gaúcha: o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, a Usina do Gasômetro e sete armazéns no porto local, que sofreram grandes intervenções arquitetônicas para abrigar o evento.
Um dos destaques da Bienal do Mercosul, pelo menos para o público em geral, é a exposição "Picasso, Cubistas e América Latina", que colocará em discussão as influências do cubismo sobre as vanguardas latino-americanas. "O modernismo no Brasil, Uruguai e Argentina começou com o cubismo. Tem uma frase da Tarsila do Amaral que diz que os artistas deveriam fazer o serviço militar do cubismo e depois o que quisessem", disse Magalhães.
Além de trabalhos de Picasso, a mostra contará também com obras de André Lhote, Fernand Léger, Albert Gleizes, Diego Rivera, Emilio Pettoruti, Rafael Barradas e outros. Entre os brasileiros estão Cândido Portinari, Vicente do Rego Monteiro, Tarsila do Amaral, Maria Leontina, Victor Brecheret, Di Cavalcanti e outros.
Mas a Bienal do Mercosul não se aterá a questões históricas, garante o curador: "A primeira Bienal propôs uma antologia do século 20. Era interessante pois Porto Alegre não estava incluída no circuito tradicional das artes. Para esta edição, optamos por colocar a cidade no contexto da contemporaneidade. Dentro desse esforço eu evitei até selecionar nomes mais conhecidos, embora haja exceções, como o Tunga e o Gonzalo Dias, pelo Chile", disse.


Evento: Bienal do Mercosul Presidente: Ivo Nesralla Curadores: Fábio Magalhães (chefe) e Leonor Amarante (adjunta) Curadores de mostras especiais: Lisette Lagnado (Iberê Camargo), Sheila Leirner (Juan Le Parc) e Diana Domingues (mostra Arte e Tecnologia) Curadores internacionais: Jorge Glusberg (Argentina), Pedro Querejazu (Bolívia), Justo Mellado (Chile), Eduardo Serrano (Colômbia), Ticio Escobar (Paraguai) e Angel Kalenberg (Uruguai) Onde: Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Usina do Gasômetro e sete armazéns no porto de Porto Alegre Vernissage: sexta, às 21h, com apresentação da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre na Usina do Gasômetro Quando: de ter. a dom., das 10h às 22h Patrocinadores: Grupo Gerdau, Ipiranga, Banco Real, Abifarma, Azaléia e Rio Grande Energia

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