São Paulo, sexta-feira, 01 de novembro de 2002

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CINEMA/ESTRÉIA

"DRAGÃO VERMELHO"

Ator diz que não interpreta mais o doentio personagem

Hopkins veste a pele de Hannibal pela última vez

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Anthony Hopkins é um homem de 64 anos, uma estrela em Hollywood, e seu rosto está há 11 anos associado ao de um outro: Hopkins é a face e a voz de Hannibal Lecter, um dos mais doentios e fascinantes vilões do cinema, de retorno em "Dragão Vermelho", de Brett Ratner.
Mas, como disse em entrevista à Folha, do México, por telefone, agora é o fim da associação. "É o último. Ao menos para mim não haverá mais Hannibal."
Hopkins desconfia haver entre os fãs de seus filmes -e uma certa parcela da imprensa- uma obsessão em aproximá-lo de Hannibal, um psiquiatra genial - e canibal- que surgiu no cinema em "O Silêncio dos Inocentes", de Jonathan Demme, em 1991. Com ele, o ator, nascido no País de Gales, se tornou um astro, ganhou um Oscar e foi apresentado ao grande público.
As consequências imediatas, além da fama e do aumento nos ganhos (sua média tem sido de US$ 5 mi por atuação, no cinema), foram as constantes perguntas sobre seu gosto culinário e a exigência de que explicasse, de algum modo, as ações de Hannibal.
"Eu jamais penso sobre essas questões. Esse é apenas um papel que interpreto", fala Anthony Hopkins. "Sou apenas um ator; meu engajamento é profissional, e é dessa maneira profissional que lido com os personagens. Não penso sobre a personalidade de Hannibal ou sobre suas atitudes. Não penso sobre essas coisas. Faço o que está indicado no roteiro."
Em "Dragão Vermelho", Hannibal mais uma vez está disposto a continuar com seus hábitos e zombar o quanto possível da polícia. Há mais sangue do que tensão psicológica. Mais violência explícita do que sugerida.
O que Hopkins pensa sobre o terror e o susto como forma de diversão? Isso o incomoda? "Não me incomoda em nada. "Dragão Vermelho" é um filme. Um bom filme. Minha visão é extremamente profissional."
Hopkins, definitivamente, mantém uma distância segura das especulações. Como repete a cada frase, seu ponto de vista é o de alguém no domínio de seu ofício.
Sua carreira teve início em Londres, em filmes alternativos e com o teatro. Antes de chegar até Hannibal houve Shakespeare, e durante os anos 60 integrou o National Theatre; lá, Hopkins conheceu o ator britânico Laurence Olivier. Uma grande influência no momento de sua vida no qual a atenção estava voltada para "Macbeth" ou "A Tempestade".
Agora, essa fase está encerrada: "Não penso em retornar ao teatro. Meu foco está no cinema, é isso que tenho interesse em fazer". Assim, ele acaba de terminar as filmagens de "A Mancha Humana", de Robert Benton, no qual está ao lado de Nicole Kidman.
O filme é baseado no livro do romancista americano Phillip Roth. E existe ainda a possibilidade de vê-lo em "Super-Homem 5", do mesmo Brett Ratner. Sempre apenas "como um ator". Sempre como "um profissional".


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