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CINEMA/ESTRÉIA
"DRAGÃO VERMELHO"
Ator diz que não interpreta mais o doentio personagem
Hopkins veste a pele de Hannibal pela última vez
MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL
Anthony Hopkins é um homem de 64 anos, uma estrela em
Hollywood, e seu rosto está há 11
anos associado ao de um outro:
Hopkins é a face e a voz de Hannibal Lecter, um dos mais doentios
e fascinantes vilões do cinema, de
retorno em "Dragão Vermelho",
de Brett Ratner.
Mas, como disse em entrevista à
Folha, do México, por telefone,
agora é o fim da associação. "É o
último. Ao menos para mim não
haverá mais Hannibal."
Hopkins desconfia haver entre
os fãs de seus filmes -e uma certa parcela da imprensa- uma
obsessão em aproximá-lo de
Hannibal, um psiquiatra genial
- e canibal- que surgiu no cinema em "O Silêncio dos Inocentes", de Jonathan Demme, em
1991. Com ele, o ator, nascido no
País de Gales, se tornou um astro,
ganhou um Oscar e foi apresentado ao grande público.
As consequências imediatas,
além da fama e do aumento nos
ganhos (sua média tem sido de
US$ 5 mi por atuação, no cinema), foram as constantes perguntas sobre seu gosto culinário e a
exigência de que explicasse, de algum modo, as ações de Hannibal.
"Eu jamais penso sobre essas
questões. Esse é apenas um papel
que interpreto", fala Anthony
Hopkins. "Sou apenas um ator;
meu engajamento é profissional,
e é dessa maneira profissional que
lido com os personagens. Não
penso sobre a personalidade de
Hannibal ou sobre suas atitudes.
Não penso sobre essas coisas. Faço o que está indicado no roteiro."
Em "Dragão Vermelho", Hannibal mais uma vez está disposto a
continuar com seus hábitos e
zombar o quanto possível da polícia. Há mais sangue do que tensão
psicológica. Mais violência explícita do que sugerida.
O que Hopkins pensa sobre o
terror e o susto como forma de diversão? Isso o incomoda? "Não
me incomoda em nada. "Dragão
Vermelho" é um filme. Um bom
filme. Minha visão é extremamente profissional."
Hopkins, definitivamente,
mantém uma distância segura das
especulações. Como repete a cada
frase, seu ponto de vista é o de alguém no domínio de seu ofício.
Sua carreira teve início em Londres, em filmes alternativos e com
o teatro. Antes de chegar até Hannibal houve Shakespeare, e durante os anos 60 integrou o National Theatre; lá, Hopkins conheceu
o ator britânico Laurence Olivier.
Uma grande influência no momento de sua vida no qual a atenção estava voltada para "Macbeth" ou "A Tempestade".
Agora, essa fase está encerrada:
"Não penso em retornar ao teatro. Meu foco está no cinema, é isso que tenho interesse em fazer".
Assim, ele acaba de terminar as
filmagens de "A Mancha Humana", de Robert Benton, no qual está ao lado de Nicole Kidman.
O filme é baseado no livro do
romancista americano Phillip
Roth. E existe ainda a possibilidade de vê-lo em "Super-Homem
5", do mesmo Brett Ratner. Sempre apenas "como um ator". Sempre como "um profissional".
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