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ARTES CÊNICAS
Enciclopédia virtual do Itaú Cultural, idealizada por Yan Michalski, faz um verdadeiro "quem é quem" do setor
Site abarca 6 décadas de teatro brasileiro
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em criança, um polonês teve o
próprio nome forjado pela família, a fim de que embarcasse em
um navio e escapasse dos nazistas. Tinha 12 anos quando chegou
ao Brasil, onde se tornaria uma
personalidade do teatro.
Está-se falando aqui de Yan Michalski (1932-90), nascido Jan
Majzner Michalski, teórico, crítico e ensaísta que, três anos antes
de morrer, deu início a um projeto editorial para um "quem é
quem" do teatro brasileiro.
Dezessete anos depois, o sonho
embrionário de Michalski vira
realidade por meio da Enciclopédia de Teatro que o Instituto Itaú
Cultural disponibiliza a partir de
hoje em seu portal. Ou seja, o projeto editorial ainda não vingou,
mas o virtual já caiu na rede.
São 600 verbetes que versam sobre: personalidades, companhias/grupos e espetáculos, cobrindo o período de 1938 a 2000.
Coordenadora da enciclopédia, a
diretora teatral Johana Albuquerque reconhece que a tarefa é complexa; sua primeira lista chegou à
milésima casa de verbetes.
O lançamento já é uma referência. Tanto que, durante a apresentação da mesma, semana passada,
um dos convidados era o editor
Jacó Guinsburg (ed. Perspectiva),
intelectual devotado ao teatro. "É
um trabalho que democratiza a
nossa produção", diz Guinsburg.
Albuquerque sobrevoa 1938-2000 segundo panoramas que
passam pelos movimentos pré-modernos (primeiros atores,
grandes companhias e amadores); o teatro moderno; grupos
ideológicos; resistência, vanguarda, tropicália e contracultura; o
encenador-autor; dramaturgias
do contemporâneo e o final do século 20. Pontuam essa trajetória
momentos como a inauguração
do Teatro Brasileiro de Comédia
(TBC), em 1948; a montagem de
"Eles Não Usam Black-Tie", de
Gianfrancesco Guarnieri, pelo
Arena (1958), e "O Rei da Vela",
de Oswald de Andrade, por José
Celso Martinez Corrêa (1967).
Para cruzar informações, a enciclopédia teve consultoria da historiadora Maria Thereza Vargas,
da crítica Mariângela Alves de Lima e dos professores e pesquisadores João Roberto Faria, Silvia
Fernandes e Tânia Brandão; o crítico Edelcio Mostaço e a pesquisadora Rosyane Trotta respondem
pela redação. Alguns perfis foram
encomendados a nomes como o
ator Renato Borghi (sobre Esther
Góes) e Evandro Mesquista (sobre o Banduendes por Acaso Estrelados). Segundo a coordenadora de artes cênicas do Itaú Cultural, Sonia Sobral, foram investidos R$ 500 mil, nos últimos três
anos, para a enciclopédia.
ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE
TEATRO. Site: www.itaucultural.org.br/teatro.
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