São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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ARTES CÊNICAS

Enciclopédia virtual do Itaú Cultural, idealizada por Yan Michalski, faz um verdadeiro "quem é quem" do setor

Site abarca 6 décadas de teatro brasileiro

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em criança, um polonês teve o próprio nome forjado pela família, a fim de que embarcasse em um navio e escapasse dos nazistas. Tinha 12 anos quando chegou ao Brasil, onde se tornaria uma personalidade do teatro.
Está-se falando aqui de Yan Michalski (1932-90), nascido Jan Majzner Michalski, teórico, crítico e ensaísta que, três anos antes de morrer, deu início a um projeto editorial para um "quem é quem" do teatro brasileiro.
Dezessete anos depois, o sonho embrionário de Michalski vira realidade por meio da Enciclopédia de Teatro que o Instituto Itaú Cultural disponibiliza a partir de hoje em seu portal. Ou seja, o projeto editorial ainda não vingou, mas o virtual já caiu na rede.
São 600 verbetes que versam sobre: personalidades, companhias/grupos e espetáculos, cobrindo o período de 1938 a 2000. Coordenadora da enciclopédia, a diretora teatral Johana Albuquerque reconhece que a tarefa é complexa; sua primeira lista chegou à milésima casa de verbetes.
O lançamento já é uma referência. Tanto que, durante a apresentação da mesma, semana passada, um dos convidados era o editor Jacó Guinsburg (ed. Perspectiva), intelectual devotado ao teatro. "É um trabalho que democratiza a nossa produção", diz Guinsburg.
Albuquerque sobrevoa 1938-2000 segundo panoramas que passam pelos movimentos pré-modernos (primeiros atores, grandes companhias e amadores); o teatro moderno; grupos ideológicos; resistência, vanguarda, tropicália e contracultura; o encenador-autor; dramaturgias do contemporâneo e o final do século 20. Pontuam essa trajetória momentos como a inauguração do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em 1948; a montagem de "Eles Não Usam Black-Tie", de Gianfrancesco Guarnieri, pelo Arena (1958), e "O Rei da Vela", de Oswald de Andrade, por José Celso Martinez Corrêa (1967).
Para cruzar informações, a enciclopédia teve consultoria da historiadora Maria Thereza Vargas, da crítica Mariângela Alves de Lima e dos professores e pesquisadores João Roberto Faria, Silvia Fernandes e Tânia Brandão; o crítico Edelcio Mostaço e a pesquisadora Rosyane Trotta respondem pela redação. Alguns perfis foram encomendados a nomes como o ator Renato Borghi (sobre Esther Góes) e Evandro Mesquista (sobre o Banduendes por Acaso Estrelados). Segundo a coordenadora de artes cênicas do Itaú Cultural, Sonia Sobral, foram investidos R$ 500 mil, nos últimos três anos, para a enciclopédia.


ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE TEATRO. Site: www.itaucultural.org.br/teatro.

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