São Paulo, domingo, 01 de novembro de 2009

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33ª MOSTRA DE SP

Crítica / "Vencer"

Bellocchio faz um estudo sobre o poder

COLUNISTA DA FOLHA

Osexo e a política sempre foram os vetores do cinema de Marco Bellocchio. "Vencer" é uma nova e complexa conjugação desse binômio. Em resumo, trata-se da história de Ida Dalser (Giovanna Mezzogiorno), a primeira mulher de Benito Mussolini (Filippo Timi). Esteio afetivo e material do jovem militante socialista, ela lhe dá dinheiro para criar um jornal, lhe dá um filho, lhe dá autoconfiança.
Mas, ao romper com o socialismo para fundar o fascismo e arrebatar o poder, Mussolini renega Ida, casa-se com outra e institui uma família "oficial". Proscrita, tratada como louca, a antiga amante enfrenta os mil braços do regime para ser reconhecida como mãe do filho do Duce.
Bellocchio se serve dessa história real para fazer um estudo do poder em seu duplo aspecto, de potência criadora e de força de castração.
Essa duplicidade aflora na forma narrativa: na primeira parte do filme, política e erotismo se fundem em pura energia transformadora. A montagem é vibrante, há uma apologia da máquina e da velocidade, a linguagem visual é gráfica, sinóptica, recorrendo a letreiros e efeitos visuais que remetem ao nascente futurismo.
À medida que o fascismo se institucionaliza e Mussolini canaliza seu impulso erótico para a guerra, no âmbito interno (do país, da família, do indivíduo) passa a imperar a repressão. O filme vira um melodrama. O Duce deixa de ser um homem de carne e osso e se torna uma imagem nas telas de cinema, nas fotos de jornal, nos bustos. (JOSÉ GERALDO COUTO)


VENCER

Quando: hoje, às 22h, no Unibanco Arteplex 2 e quarta-feira (4/11), às 19h10, no HSBC Belas Artes 2
Classificação: 14 anos Avaliação: ótimo


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