São Paulo, domingo, 01 de novembro de 2009

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33ª MOSTRA DE SP

Crítica/"O Menino Peixe"

Excesso de temas diminui o impacto de boa trama

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

"O Menino Peixe" é, antes de tudo, uma história de amor. Mas de um amor difícil, daqueles que não ousam dizer seu nome: é o romance entre Lala (Inés Efron), adolescente de classe média alta, filha de juiz, e La Guayi (Mariela Vitale), paraguaia de 20 anos que trabalha como doméstica para a família.
Cúmplices, apaixonadas, as duas furtam coisas da casa para juntar dinheiro e fugir para o Paraguai, onde pretendem viver às margens de um lago. Os planos começam a desmoronar quando o pai de Lala é assassinado e as suspeitas recaem sobre Guayi, o elo mais frágil da cadeia social envolvida.
Ao romance e à trama policial a jovem diretora Lucía Puenzo (filha de Luis Puenzo, de "A História Oficial") acrescenta um terceiro componente, uma lenda de origem vagamente guarani, sobre um menino-peixe que conduz os afogados até o fundo do lago Ypoá. A narrativa não é nada linear e, à maneira do melhor cinema argentino, as tensões sociais, étnicas e políticas aparecem de modo indireto, alusivo, fragmentário.
O que enfraquece um pouco o filme é um certo excesso de linhas de força, como se a diretora quisesse falar de tudo ao mesmo tempo: mito, luta de classes, prostituição, corrupção policial, sistema carcerário, cultura de massa (o pai de Guayi é ator de televisão no Paraguai). Mas a força dos personagens e da situação central acaba por prevalecer.


O MENINO PEIXE

Quando: hoje, às 14h20, no Cine Bombril (16 anos)
Avaliação: bom


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