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Filmes nacionais seduzem empresas
Nova aposta tem ligação com crise do cinema independente mundial e com políticas de apoio a distribuidoras
Empresário brasileiro passa a ter vantagens financeiras no lançamento de títulos produzidos no país
DA ENVIADA A FLORIANÓPOLIS
Dentre as muitas marcas
batidas por "Tropa de Elite
2", há uma que carrega, em
si, uma das grandes contradições do cinema brasileiro:
vão sempre parar nos cofres
das subsidiárias de Hollywood os cifrões gerados pelos sucessos nacionais.
Filmes como "Se Eu Fosse
Você" e "Dois Filhos de Francisco" foram postos no mercado com o logotipo de grupos como Sony e Fox.
A razão para tal fenômeno
tem origem num mecanismo
de incentivo fiscal: o Artigo
3º da Lei do Audiovisual.
O "artigo 3º" -tratado assim, com intimidade, pelo
mercado de cinema brasileiro- permite que as empresas
estrangeiras apliquem em
produções nacionais parte
do imposto que deve ser pago no momento da remessa
de lucros para o exterior.
E foi assim, com financiamento público, que as majors passaram a se associar
aos filmes brasileiros.
Mas o que parecia louvável
foi se tornando excessivo e,
então, a Agência Nacional de
Cinema (Ancine) resolveu
criar políticas capazes de estimular certas peças a se moverem nesse jogo.
Essa política, que começou a ser desenhada em
2005, deu origem, primeiro,
ao Prêmio Adicional de Renda, que beneficia as distribuidoras brasileiras.
A partir de 2006, o BNDES
passou a investir em Funcines (fundos de investimento
voltados ao audiovisual) e
priorizou os que fossem focados em distribuição.
Por fim, veio o Fundo Setorial do Audiovisual, que inclui duas linhas de apoio à
distribuição e disponibilizou
R$ 10 milhões em 2009 e R$
22,4 milhões neste ano.
Somados todos os recursos, a Ancine colocou, em
distribuição, cerca de R$ 30
milhões em 2010. Em 2004,
não havia um só tostão público nesse segmento da chamada cadeia do cinema.
FOCO NACIONAL
"Conseguimos atrair todas
as distribuidoras independentes para o filme brasileiro", diz Manoel Rangel, presidente da Ancine. "Algumas
empresas passaram a ter o filme brasileiro como seu produto principal. Já as majors
sempre terão como prioridade o produto da matriz."
Bruno Wainer, o primeiro
a apostar nos nacionais, com
a Downtown ("Chico Xavier"), diz, sem desconsiderar a importância dos estímulos, que a mudança de rumo
foi determinada, também,
pelo contexto mundial.
"O mercado independente
mundial está em crise. O cinema brasileiro passou a ser
alternativa para as empresas
que trabalhavam com independentes estrangeiros."
Abrão Scherer, da Imagem, diz que não. Segundo
ele, a aposta tem mais a ver
com o potencial do cinema
brasileiro do que com a falta
de opções estrangeiras.
(ANA PAULA SOUSA)
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