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CINEMA/ESTRÉIA
"102 Dálmatas" volta sem pinta de acabar
Divulgação
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O francês Gérard Depardieu é um costureiro em "102 Dálmatas", dirigido por Kevin Lima, que estréia hoje nos cinemas no Brasil |
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Desde "O Poderoso Chefão
2", dificilmente uma continuação chega aos pés do original.
Mas Hollywood não desiste. O caso de "102 Dálmatas", que estréia
hoje no Brasil, tem uma agravante. Além de ser sequência, é sequência de um filme que já se baseava no desenho inspirado no livro. Entendeu?
Em 1961, Walt Disney resolveu
criar uma animação baseada no
romance "101 Dálmatas", de Dodie Smith (1896-1990). Fez uma
obra-prima que desmamou muito marmanjo (um deles depois
chegou a contar quantas pintas
apareciam nos cachorrinhos: total de 6.469.952).
No Brasil, o filme foi muito exibido para a criançada nos cinemas "drive-in" das cidades onde
os namorados sem lugar para ir
ainda não tinham descoberto as
maravilhas de um carro e um estacionamento com room service.
Então, 35 anos depois, os estúdios Disney fizeram a versão carne e osso. Pongo e Pepita viraram
dois dálmatas de verdade, e a vilã
Cruela Cruel (Cruella De Vil, no
original) se deu muito bem na pele de Glenn Close.
Tão bem que esta fraca continuação é inteiramente colocada
nas costas dela, ótima atriz, mas
que não segura a tarefa de sustentar sozinha um filme de quase
duas horas com roteiro fraco.
Cruela Cruel acaba de ser solta
do sanatório em que estava, depois de ser curada pelo dr. Pavlov.
Agora ela adora cachorros e odeia
casacos de pele. Tanto que adota
de cara um canil à beira da falência, tocado por Kevin (o ator Ioan
Gruffudd, de "Titanic").
Ele vai se apaixonar pela oficial
da condicional da vilã, Chloe (a
linda, mas fraca atriz Alice
Evans), que tem um dálmata filho
de Pongo e Pepita, que acaba de
ter quatro filhotes, entre eles uma
complexada branquinha, que
nasceu sem nenhuma pinta.
Mas o tratamento de Cruela vai
por água abaixo quando ela houve as 12 badaladas do Big Ben (a
história se passa em Londres)...
O filme não é uma porcaria absoluta só porque o diretor Kevin
Lima (o mesmo do ótimo "Tarzan", do ano passado) cercou-se
de bons coadjuvantes. Como Gérard Depardieu, engraçado de
costureiro, e Eric Idle, ex-Monty
Python, a voz de um papagaio que
pensa que é um rotweiller.
Mas o oportunismo assim tão
descarado irrita quem tem algum
afeto por uma boa história, como
a contada pelo filme original.
Pior: há a ameaça explícita de que
tem mais uma continuação vindo
aí. Dessa vez com poodles...
102 Dálmatas
102 Dalmatians
Direção: Kevin Lima
Produção: EUA, 2000
Com: Glenn Close, Gérard Depardieu
Quando: a partir de hoje nos cines
Anália Franco, Continental, Eldorado,
Plaza Sul e circuito
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