CRÍTICO DA FOLHA

Cantina italiana, na tradição da cidade, é lugar para comer muito e gastar relativamente pouco. E, freqüentemente, para comer uma comida generosa e satisfatória. Não importa que a cantina italiana tenha um sócio (o que cuida da cozinha) filho de espanhóis nem que também sirva paella como acontece na Don Pepe de Napoli, onde as idiossincrasias não apenas nunca atrapalharam como, pelo contrário, devem ter ajudado, a ponto de a casa ter-se multiplicado em seis, três delas vizinhas, e sempre com bom movimento. (Fora outras casas dos mesmos proprietários.)
O espanhol Allan Villa Espejo e seu sócio italiano Andrea Conte uniram-se em 1983, criando a casa de dupla nacionalidade. Mas a que se impôs foi a italiana, e, com ela, a tradição das porções enormes, inversamente proporcionais aos preços.
A massa mais barata (independente do formato, todas têm o preço definido pelo molho), a que leva molho de tomate (ou lentamente cozidos, ou refogados em pedaços), custa R$ 23,20 e serve bem duas pessoas. As mais caras, em sua maioria, oscilam em torno dos R$ 30; e a caríssima (somente duas passam de R$ 40) -aquela com molho de frutos do mar- pode bater nos R$ 50,40, sempre para serem divididas.
Saindo da área das massas, os preços sobem um pouco, mas se mantêm comportados. Pois também os filés e frangos são enormes e devem ser partilhados. Eles vêm também oferecidos em meia-porção, mas é mal negócio, pois custam 70% do preço: melhor pedir inteiro, mesmo se for para partilhar consigo mesmo, em casa, mais tarde. Mesmo que ali não vá contar com a animação que contagia o Don Pepe.