São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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Milhazes leva colagens à Fortes Vilaça

Novas obras da artista, que incluem cinco pinturas feitas neste ano, podem ser vistas a partir de hoje na galeria, em SP

Apesar de suas pinturas serem motivo de intensa disputa no mercado, artista se diz mais empolgada com as três colagens produzidas

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Das novas obras que Beatriz Milhazes apresenta, a partir de hoje, na galeria Fortes Vilaça, são as colagens as que mais empolgam a artista, apesar de serem as suas pinturas que provocam disputa no mercado.
Sem apelar a um processo industrial na fabricação de seus trabalhos, Milhazes controla todas as etapas da produção de sua obra, tornando-a limitada e, obviamente, com maior valor. Neste ano, por exemplo, ela produziu apenas oito: cinco pinturas e três colagens.
Em 2003, a artista começou a realizar colagens a partir de sua coleção de papéis de bala. Desde então, esse procedimento, um dos mais típicos da arte moderna -como se pode ver na mostra de Kurt Schwitters, em cartaz na Pinacoteca até amanhã-, tem se ampliado, e agora sacolas de papel, também de sua coleção particular, passaram a fazer parte das colagens.
Em cada uma delas, a artista utiliza cerca de 20 tipos de papel, todos adquiridos por ela.
"Eu mesma escolho cada tipo de papel, a maioria no exterior, e agora tenho até mandado imprimir alguns, nos EUA."
No entanto, as duas técnicas acabam se misturando. "A colagem me permite repensar a pintura, e por conta dela resolvi questões que não conseguia", diz Milhazes. Um exemplo que a artista aponta nas novas pinturas é a presença de formatos quadrados, que até então não eram vistos em suas obras.
Milhazes alcançou uma imagética particular, caracterizada por círculos que se sobrepõem, provocando uma certa vertigem, intensificada pelo uso pulsante de cores. Na nova exposição, essas marcas seguem presentes, reforçadas por pequenos detalhes, resultado do processo artesanal.
"Tanto na pintura como na colagem, é o processo que vai decidir o resultado do trabalho", diz. Em cada obra, Milhazes cria pequenos desafios como estímulo à sua pesquisa.
Em "Love", uma de suas novas obras, o desafio foi utilizar uma tela de linho, se aproveitando da cor do material, areia, bastante distinta de sua paleta usual, muito mais vibrante.

Retrospectiva em 2008
Para 2008, Milhazes já está com a agenda cheia. Em São Paulo, ela será tema de uma retrospectiva na Pinacoteca do Estado, onde irá criar sua primeira obra de grande escala na cidade, nos vitrais do espaço, além de apresentar novos trabalhos em sua galeria de Nova York, a James Cohan.
A artista trabalha ainda em dois livros: um, para uma nova série da editora alemã Taschen, para a qual desenhou as paredes da loja projetada por Philippe Starck, em Nova York, e outro, para a editora inglesa Ridinghouse. No ano que vem, Milhazes irá participar ainda de duas grandes mostras internacionais: a primeira bienal de Nova Orleans e uma coletiva em Berlim, no Martin-Gropius-Bau.
Finalmente, em Tóquio, ela vai estar presente numa coletiva de artistas brasileiros no Museu de Arte Contemporânea, com curadoria de Yuko Hasegawa. Já no início de 2009, terá uma mostra solo na Fundação Cartier, em Paris.


BEATRIZ MILHAZES
Onde:
galeria Fortes Vilaça (r. Fradique Coutinho, 1.500, tel. 0/xx/11/ 3032-7066)
Quando: abertura, hoje, às 14h; de ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 17h. Até 26/1
Quanto: entrada franca


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