São Paulo, quarta-feira, 01 de dezembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros CRÍTICA MPB Hebe Camargo exagera faceta deslavadamente romântica RODRIGO FAOUR ESPECIAL PARA A FOLHA Hebe Camargo é um símbolo de espontaneidade, simpatia e daquele delicioso senso comum que a gente sabe que vai ouvir de uma tia ou uma avó querida nos momentos de festa. A apresentadora superou a cantora há muitos anos, mas a verdade é que ela começou a carreira no gogó e grava desde 1950 (!) -mesmo ano da inauguração da TV no Brasil, da qual ela foi uma das fundadoras. Apesar dos 33 discos de 78 rotações e seis LPs, ela largou o canto em 1967, quando ouviu uma crítica negativa nos bastidores de seu programa. Só retomou o ofício 30 anos depois, cantando "Serenata do Adeus" em belo duo com Agnaldo Rayol. A voz pequena com interpretação caprichada está de volta neste "Hebe Mulher", no qual salta aos ouvidos sua regravação de "Ponhom Pom Pom", bossa nova gaiata, cuja nova versão está bem superior à original de seu LP "Hebe e Vocês", de 1963, pela leitura divertida da letra. Aliás, esse lado irônico da artista poderia ter sido mais bem aproveitado neste álbum. Tirando "Saúde", as demais faixas são deslavadamente românticas. Às vezes funciona, como no dueto de abertura com o Rei ("Você Não Sabe"), em "Eu Preciso de Você", ou, ainda, na recriação de "Foi Assim", tema do filme "Juventude e Ternura", estrelado por Wanderléa em 1968, em levada mais suave. Nas demais, os arranjos poderiam ser mais ricos, os duetos mais interativos e o repertório mais adequado à sua voz pequena. "Universo no Teu Corpo" ficaria melhor no vozeirão de Cauby Peixoto -que acaba de lançar o DVD "Cauby Sings Sinatra"- ou Lana Bittencourt -que gravou há 15 dias o DVD "A Diva Passional". Aliás, o mais bonito deste momento da MPB é justamente poder curtir esses e outros veteranos em plena atividade, num país sem tradição de memória, mostrando que sabemos respeitar quem começou a desenhar essa fantástica história de nossa música popular. RODRIGO FAOUR é jornalista, pesquisador e produtor musical. HEBE MULHER ARTISTA Hebe Camargo GRAVADORA Sony BMG QUANTO R$ 25, em média AVALIAÇÃO regular Texto Anterior: Música - Crítica/Jazz: "Flor de Fogo" traz um Chico Pinheiro "tipo exportação" Próximo Texto: Música: CDs Índice | Comunicar Erros

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