São Paulo, quarta-feira, 01 de dezembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros CRÍTICA ELETRÔNICO David Lynch expande seus mistérios para a música Diretor de filmes como "A Estrada Perdida" lança single em que canta TEMAS FAMILIARES AO DIRETOR, COMO VIOLÊNCIA, SURGEM EM UMA DAS MÚSICAS, COM SONS DE TIROS E EXPLOSÕES BRUNO YUTAKA SAITO EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA Quando a notícia começou a circular pela internet, anteontem, parecia pegadinha de 1º de abril. O cineasta David Lynch, 64, lançou duas músicas em que canta. Estranho demais para ser verdade? Não para um diretor que se tornou sinônimo de filmes surreais, como "A Estrada Perdida", e que viaja pelo mundo divulgando a meditação transcendental. O site oficial e o Twitter do diretor, além do iTunes e da página do selo independente inglês Sunday Best, confirmavam a informação. Para quem quiser ouvir, basta entrar no YouTube e buscar "Good Day Today" (um bom dia hoje) e "I Know" (eu sei). Desde o início da carreira, Lynch sempre demonstrou interesse por outras áreas artísticas, como pintura, videoarte ou animação via internet. Cinema é apenas o meio de expressão que o tornou conhecido mundo afora. Os filmes do diretor são famosos pelo clima de mistério e pela quebra de fronteiras entre realidade e imaginação. Parte desse efeito é graças ao som, e não apenas às músicas da trilha sonora. Um simples fósforo sendo riscado se torna ameaçador e soa potente como uma explosão. A parceria com o compositor Angelo Badalamenti e a obsessão de Lynch por faixas do rock ingênuo dos anos 50 e 60 ajudaram a criar cenas desconcertantes, como Dean Stockwell dublando "In Dreams", de Roy Orbison, em "Veludo Azul". VIOLÊNCIA SONORA Com uma batida eletrônica minimalista, "Good Day Today" está perto de nomes mais atuais, como Underworld e Crystal Castles. A voz de Lynch surge distorcida, robótica ("me mandem um anjo/me salvem/quero ter um bom dia hoje", canta). Mas logo ouvimos algo familiar do mundo de Lynch, artista que gosta de explorar temas como a violência: barulhos de tiros e explosões. Já "I Know", que lembra o som deprê do Portishead, é puro Lynch decodificado em música. Sua voz anasalada surge reconhecível sobre uma bateria marcial, ecos de guitarra e órgão "vintage". As faixas podem ser bem apreciadas mesmo por quem não faça ideia de quem é David Lynch. Os fãs, no entanto, irão se divertir mais. Para estes, não é difícil imaginar Lynch cantando "I Know" no quarto vermelho com o anão de "Twin Peaks" ou no palco do Club Silencio de "Cidade dos Sonhos". GOOD DAY TODAY/ I KNOW ARTISTA David Lynch GRAVADORA Sunday Best (previsto para 31/1/2011) QUANTO a definir (CD); 30 libras (vinil; cerca de R$ 81 mais taxas) AVALIAÇÃO bom Texto Anterior: DVD Próximo Texto: Crítica/New Wave: "Something for Everybody" recupera vigor da banda Devo Índice | Comunicar Erros

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