São Paulo, quarta-feira, 01 de dezembro de 2010

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CRÍTICA NEW WAVE

"Something for Everybody" recupera vigor da banda Devo

CARLOS MESSIAS
DO "AGORA"

Trinta anos após o single "Whip It", o Devo voltou a ser exatamente o que era: pulsante, inventivo e incrivelmente divertido. Em "Something for Everybody", lançado agora no Brasil, o grupo recupera, com o mesmo vigor, todos os elementos que lhe fizeram singular nos anos 1980.
Sintetizadores kitsch que ora emulam efeitos futuristas ora exploram tons graves em sequências bate-estaca, letras sarcásticas e uma despretensão quase absoluta. "Fresh", a faixa de abertura, é uma carta na manga para qualquer DJ disposto a causar impacto.
Com um pé fincado no new rave, "What We Do" é potente o suficiente para chacoalhar festas em "apês", inferninhos e clubes.
Nos fraseados secos de "Cameo", o guitarrista Bob Mothersbaugh explicita bem seu estilo seco e dançante, tido como "vintage" e hoje copiado à exaustão. "Later Is Now" poderia muito bem estar no álbum "New Traditionalists" (1981).
"Sumthin" tem quase o mesmo andamento de "That's Good" (1982). Não faltam paralelos entre o repertório novo e os clássicos do grupo.
O mais incrível é como, passada a fase de redescoberta do synthpop, o Devo soa tão atual quanto em sua primeira encarnação (1972-1991), fazendo grupos como Metric, Hot Chip e LCD Soundsystem parecerem pastiches afetados.
Um capítulo triunfal para a banda que prega a involução ("de-evotution", daí o seu nome) da humanidade. Como canta Mark Mothersbaugh em "What We Do": "Nós fazemos o que nós fazemos/ É tudo o mesmo, não há nada novo".

SOMETHING FOR EVERYBODY

ARTISTA Devo
GRAVADORA Warner Music
QUANTO R$ 27
AVALIAÇÃO bom


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