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O PÚBLICO
Do gramado, show foi
programa de auditório
PATRICIA DECIA
da Reportagem Local
Quando o globo espelhado surgiu do meio do gelo seco e se abriu
no Morumbi, sexta-feira à noite, a
jogadora de vôlei Ana Paula -que
estava grudada ao palco B- não
aguentou: "Lindoooo!!! Maravilhosooo!!!"
Momentos de quase histeria como esse foram repetidos incontáveis vezes por todo o estádio durante as duas apresentações do U2
em São Paulo. Por trás deles, fãs
que se comportavam como se estivessem num programa de auditório -cujo ápice era a corrida de
uma delas para os braços do ídolo.
A maioria dessas garotas, porém, não faz o tipo de quem frequenta as gravações do "Domingão do Faustão" ou do programa
de Gugu Liberato.
Na verdade, o público paulistano do U2 era formado por jovens
adultos -de quase 20 a menos de
30- que podem ser chamados de
bem-nascidos para os padrões
brasileiros. Afinal de contas, não é
exatamente fácil pagar R$ 50 por
um ingresso.
Até a polícia reparou, e o comandante das operações no local
afirmou que, devido ao "público
seletivo" que compareceu ao
evento, havia poucas ocorrências.
A falta de bebida alcoólica no
gramado pareceu provocar poucas reclamações, e muita gente
bradava contra o cheiro dos cigarros de maconha. "Se esses caras
querem fumar, porque não fazem
isso em casa! É insuportável", dizia um rapaz ao amigo enquanto
acendia seu charuto.
Um pouco mais discretos, os homens da platéia se contentavam
em cantar todas as letras, soltar
comentários do tipo "é demais" e
levantar nos ombros suas namoradas e acompanhantes.
Alguns deles, no entanto, ficaram indignados em um momento.
Parecia estar tudo perfeito, no lugar, até que Bono beijou o guitarrista The Edge na boca. Aí o corinho gritando "bicha" e "veado"
foi inevitável. Talvez na arquibancada tenha sido diferente.
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