BEATRIZ BRISOLA
da Reportagem local

Comprar ingresso (de cambista ou não) foi apenas uma maneira de entrar no estádio do Morumbi. Pelo menos mais um método foi descoberto -e vivenciado- pela reportagem da Folha.
Cheguei ao Morumbi com algum dinheiro no bolso e uma certa dose de cara-de-pau. Encontrei, então, um sujeito que me fez uma proposta: "Dá pra dar um jeito. Se der certo, você me dá 50 'paus' lá dentro. Se não, beleza, não paga nada".
Ele me levou até um outro rapaz, que vestia camiseta e boné da Pepsi, uniforme de carregadores e vendedores do estádio. Ele me levou a um terreno baldio logo ali (pânico total), mas era apenas para que eu vestisse uma camiseta e um boné iguais aos dele.
Foi então que iniciamos a fácil empreitada. No primeiro portão, nenhum olhar desconfiado para uma garota usando roupas de carregador.
Subimos uma rampa, onde vários homens retiravam caixas de um caminhão da Pepsi.
Subimos mais um pouco e estávamos na barreira final: o portão que acessa o corredor do anel intermediário. Foi o momento mais tenso. Depois de um certo constrangimento, o rapaz que controlava o portão abriu passagem para um homem que subia com uma caixa -e passamos também.
Quando vi, estava sentada nas cadeiras superiores -cujo preço é R$ 60. Um rapaz se dirigiu a nós. Nesse momento, meu medo de estar sendo apanhada em flagrante se transformou em surpresa ao constatar que toda a turma (16 pessoas) tinha feito o mesmo.
E ainda por cima estavam pedindo para o cara tentar "trazer uma cervejinhas" lá pra dentro, para eles.
Logo depois de eu ter entrado no estádio, procurei Walter Fonseca, dono da Fonseca's, responsável pela segurança e portaria do show do U2 em São Paulo. Ao saber do episódio, ele se limitou a pedir pelo rádio que reforçassem a vigilância.



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