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Filho do mestre do claro-escuro fala sobre a carreira do diretor
Gabriel Figueroa Jr. preserva
obra do pai, morto em abril
ADRIANE GRAU
de San Francisco
Mestre do claro-escuro, o diretor de fotografia Gabriel Figueroa excedeu sua técnica ao
captar com dramaticidade única
a paisagem do México.
Suas imagens enriquecem
obras-primas como "The Night
of the Iguana", de John Huston,
"The Fugitive", de John Ford e
"Nazarin", de Luiz Bunuel.
Ao morrer, em 27 de abril, ele
acumulava 20 prêmios internacionais nos mais importantes
festivais de cinema. Em outubro
foi criado o primeiro prêmio
que leva seu nome.
O Gabi foi entregue durante o
1º Festival Internacional de Cinema Latino de Los Angeles.
Quem subiu ao palco para receber o tributo foi seu filho Gabriel
Figueroa Jr., 45. Ele é um fotógrafo envolvido durante os últimos dez anos na preservação do
trabalho do pai. Como único filho homem, ele era autorizado a
acompanhar as filmagens.
Folha - Há planos de unir sob
alguma fundação o trabalho de
Gabriel Figueroa?
Gabriel Figueroa Jr. - Os originais pertencem aos estúdios
mexicanos e estão sendo vendidos a colecionadores particulares fora do país.
Tentei impedir as vendas, mas
a lei não ajuda. Os produtores
não têm dinheiro para manter
os negativos de nitrato de prata
que se destroem rapidamente.
Folha - Como ele reagia à falta
de divulgação de seus filmes?
Figueroa Jr. - Ele era muito
apaixonado por seu trabalho e
ficava enlouquecido quando assistia a uma cópia que não fazia
justiça a seus originais.
Mantinha uma pequena coleção de dez cópias em 16 mm que
assistia de vez em quando.
Folha - Como é o trabalho de
restauração que você está executando?
Figueroa Jr. - Recebi uma
bolsa de estudo do governo mexicano de US$ 25 mil para restaurar fotogramas de seus filmes. Quando ele estava filmando, ia ao laboratório diariamente para checar os testes de luz
que eram tiras de filme transformadas em cópias positivas.
Temos um arquivo de 9.000 tiras de contato. O dinheiro só é
suficiente para restaurar cem
imagens e preservar outras mil.
Eu estou guardando algumas
em imagens digitais. Antes de
morrer ele selecionou pessoalmente suas imagens favoritas.
Folha - Qual sua memória preferida de quando acompanhava
seu pai nas filmagens?
Figueroa Jr. - "Macario", de
1966, tem tudo. História, edição,
atuação, direção. A história é
fantástica. A cena onde Macario
encontra a morte numa caverna.
Na grota estão as almas de todas as pessoas vivas, representadas por velas. Então você entrava e tinha esta visão de milhares
de velas acesas. Não haviam
computadores nem efeitos especiais.
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