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Jean-Marc Barr foge do cinema
comercial no polêmico 'Os Infiéis'
especial para a Folha, da Suíça
Depois garantir o sucesso de
"Imensidão Azul" e a carreira de
Luc Besson, Jean-Marc Barr tem
evitado o cinema comercial.
Seu filme feito no Egito, "Os Infiéis", envolvendo os perigosos integristas muçulmanos, foi dirigido
por uma libanesa.
Grande, corpo atlético, olhar penetrante e misterioso, Jean-Marc
Barr conquistou toda uma geração, em "Imensidão Azul".
Enquanto Jean Reno, personagem cativante do mesmo filme,
usou o sucesso de "Imensidão
Azul" para novos papéis, mesmo
comerciais, Jean-Marc Barr preferiu guardar distância do sucesso e
escolher novos filmes, sem se deixar atrair pelas tentações econômicas do cinema.
O novo papel de Jean-Marc Barr
é outro desafio -ele vive o personagem de um extremista muçulmano integrista, que acaba tendo
uma relação homossexual com o
diplomata francês, enviado especial do Quai d'Orsay.
Diante do roteiro que mostrava
um de seus diplomatas numa relação homossexual com um árabe
integrista, a França teve uma reação inesperada -cortou todas as
subvenções para o filme "Os Infiéis", rodado pela libanesa Randa
Chahal Sabbag, no Egito.
Provocadora, Randa escolheu
dois temas explosivos, no Egito de
hoje, onde ainda é recente o massacre de turistas em Luxor.
"Eu quis falar do integrismo
muçulmano e de homossexualidade, que é praticada no mundo árabe, mas nunca comentada. Para
fazer o filme, precisei usar um roteiro falso. O embaixador da França ficou tão chocado quanto os
muçulmanos que me fizeram
ameaças de morte -me acusou de
desfigurar a imagem da França no
exterior."
E, como se não bastasse, incluiu
no filme alguns segundos de verdadeiras imagens, nas quais dois
chefes integristas foram filmados
fazendo amor, numa cela.
Folha - Como foi sua contratação
para esse novo papel?
Jean-Marc Barr - Foi a grande
oportunidade desse filme, a liberdade de ir ao Egito e de se colocar
num clima de amor entre inimigos, numa discussão não só política, mas também humana.
Folha - Ao mesmo tempo, foi corajoso de sua parte, depois de
"Imensidão Azul". Não teve receio
para sua imagem desse personagem homossexual?
Barr - Estou pouco ligando para minha imagem. Sou um pedaço
de lixo europeu, passei a maior
parte da minha vida nos EUA, agora estou na Europa.
Toda essa mediatização de astros
que surgem e desaparecem a cada
quatro semanas pouco me interessa. Estou mais ligado no que se
passa no Leste Europeu, cujos atores não podem ser julgados pelo
quanto ganham ou pelas capas de
revistas, mas pelo que fazem.
Folha - Não foi brincar com fogo
fazer esse filme?
Barr - O filme foi feito numa
área de tabus e proibições. A diretora ousou filmar coisas que nenhum diretor ainda tinha ousado
no cinema, como a cena em que
um diplomata francês chupa os
dedos do integrista.
Mas eu não quis fazer provocação, nem estou a fim de que haja
pena de morte contra mim. Por isso, recusei apresentar o filme em
Beirute.
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