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TEATRO
Construção em Valenciennes, orçada em US$ 20 milhões, pretende ser 'pólo cultural'
Baiana assina projeto de teatro francês
de Paris
A região norte da França escolheu por unanimidade uma arquiteta brasileira para construir um
projeto ambicioso de teatro.
O projeto da baiana Lucinei Caroso Neiva, 37, em sociedade com
seu marido, o francês Emmanuel
Blamont, 41, foi aprovado pelos 18
jurados de concurso realizado em
Valenciennes.
O teatro, batizado de Phenix, foi
inaugurado na semana passada,
com a apresentação da comédia
"As Preciosas Ridículas", de Molière.
Pólo cultural
Ninguém diria que a cidade, Valenciennes, que tem 41 mil habitantes, poderia acolher um projeto
tão ambicioso, não fosse o passado cultural do local.
"É uma cidade da Idade Média,
com uma forte tradição de teatro
desde o século 16", explica Neiva.
O certo é que, no século 18, o teatro de Valenciennes estava entre
os quatro mais importantes de toda a França.
Em maio de 1940, em plena Segunda Guerra Mundial, uma
bomba lançada pelos alemães destruiu o teatro e parte da cidade.
O nome Phenix, para um local
reconstruído após um incêndio,
não poderia ser mais apropriado.
Tal como seu colega Fenice, em
Veneza, que pegou fogo há alguns
anos, o Phenix faz alusão ao pássaro que, segundo a mitologia egípcia, renasce das cinzas.
A duas horas de trem de Paris,
Valenciennes tem ligação direta
com a capital e com outras cidade
internacionais, por ser situada
quase na fronteira com a Bélgica.
"Queremos descentralizar o circuito cultural da França e criar um
novo pólo", disse o prefeito da cidade, Jean-Louis Borloo.
Ao todo, o projeto custou US$ 20
milhões. Para justificar sua ambição de se tornar um centro cultural da Europa, o teatro recebeu
33% de seu financiamento da Comunidade Européia.
São quase 8.580 metros quadrados de área, com uma altura de 32
metros. O complexo cultural tem,
além da sala principal de teatro,
com 800 lugares, um estúdio, que
comporta 200 lugares e está localizado de frente para o anfiteatro.
No subsolo, há um espaço para
exposições e, no primeiro andar,
uma sala para aulas e conferências.
Vermelho e preto
O teatro tem ares de navio, com
suas formas arredondadas, algumas janelas redondas e escadas estilizadas.
Por dentro, é todo vermelho e,
no chão, preto. Para a arquiteta, o
projeto deveria simbolizar o renascimento econômico, social e
cultural da região: "Além de representar as cinzas do antigo teatro, o solo negro representa o carvão, principal produto da cidade",
explica Neiva. O vermelho é tradicionalmente a cor do teatro à italiana.
Padrinho famoso
Neiva desembarcou na França
em 86, com a intenção de estudar
design. Seu primeiro emprego na
capital francesa foi no escritório
do designer Phillip Starck.
"Dei-me conta muito rapidamente que, se eu quisesse morar
na França, tinha de aprender francês", brinca Neiva, para justificar
sua entrada no escritório de Jean
Nouvel.
Blamont começou a trabalhar
com o famoso arquiteto francês
Jean Nouvel em 78, tornando-se
sócio em 85.
Nouvel é responsável pelos projetos dos arrojados edifícios do
Instituto do Mundo Árabe e da
Fundação Cartier, entre outros.
Junto com Nouvel, Emmanuel
Blamont ganhou o "esquadro de
prata" de 93, prêmio anual dado
ao melhor edifício construído,
graças à concepção do Ópera de
Lyon.
(MC)
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