São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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ARTES

Max Streicher e Fernanda Chieco dividem galeria Leme

Canadense e brasileira retratam homem em "estado de exceção"

JULIANA MONACHESI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Velhos em estado de torpor. Os colossais infláveis do canadense Max Streicher, que expõe pela primeira vez no Brasil, foram batizados com o nome do fiel companheiro de baladas de Dionísio, Silenus. Após longa existência regada a vinho e luxúria, estes velhos sátiros respiram quase inertes entre o sono e a vigília.
"Sleeping Giants (Silenus)" divide a partir de hoje o espaço da galeria Leme com desenhos da brasileira Fernanda Chieco, que retrata a figura humana em um aparente "estado de exceção": os corpos assimilam passivamente o entorno, acoplam-se com naturalidade a instrumentos de tortura.
Além de trabalharem com a figura humana, ambos os artistas englobam o espaço em suas obras. No caso de Streicher, é a escala das esculturas que compete com a arquitetura. Os infláveis que constrói numa máquina profissional de costura preenchem quase toda a galeria, que tem um pé-direito de mais de seis metros.
Nas obras de Chieco, o vazio em que as formas flutuam é substituído, no desenho mais recente, por um emaranhado de linhas que engole o "espaço". O corpo, nos dois casos, está exposto em sua maior fragilidade: os gigantes de Streicher são feitos com um náilon que tem aparência de papel.
"A mim me interessa que as peças pareçam vulneráveis, como os balões", explica. A figuração apareceu em seu trabalho em meados dos anos 90, quando se propôs o desafio de ser mais literal: "Como as peças pareciam respirar, devido ao mecanismo de ventiladores que as mantém cheias, resolvi tomar o passo seguinte".
Chieco vê diversas relações entre os trabalhos: "O corpo, o traço, o cabo do ventilador ligado à tomada principalmente". É que seus desenhos tratam de sistemas que interligam e dão função aos corpos, como evidencia o "experimento" que está preparando para sua individual no Paço das Artes, neste mês, que vai conectar corpos reais a um "Instrumento de Sucção de Luz Vermelha".


Max Streicher e Fernanda Chieco
Onde: galeria Leme (r. Agostinho Cantu, 88, tel. 0/xx/11/3814-8184)
Quando: abertura hoje, das 18h às 22h; de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 17h; até 2 de abril
Quanto: grátis


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