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ARTES
Max Streicher e Fernanda Chieco dividem galeria Leme
Canadense e brasileira retratam homem em "estado de exceção"
JULIANA MONACHESI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Velhos em estado de torpor. Os
colossais infláveis do canadense
Max Streicher, que expõe pela primeira vez no Brasil, foram batizados com o nome do fiel companheiro de baladas de Dionísio, Silenus. Após longa existência regada a vinho e luxúria, estes velhos
sátiros respiram quase inertes entre o sono e a vigília.
"Sleeping Giants (Silenus)" divide a partir de hoje o espaço da
galeria Leme com desenhos da
brasileira Fernanda Chieco, que
retrata a figura humana em um
aparente "estado de exceção": os
corpos assimilam passivamente o
entorno, acoplam-se com naturalidade a instrumentos de tortura.
Além de trabalharem com a figura humana, ambos os artistas
englobam o espaço em suas
obras. No caso de Streicher, é a escala das esculturas que compete
com a arquitetura. Os infláveis
que constrói numa máquina profissional de costura preenchem
quase toda a galeria, que tem um
pé-direito de mais de seis metros.
Nas obras de Chieco, o vazio em
que as formas flutuam é substituído, no desenho mais recente, por
um emaranhado de linhas que
engole o "espaço". O corpo, nos
dois casos, está exposto em sua
maior fragilidade: os gigantes de
Streicher são feitos com um náilon que tem aparência de papel.
"A mim me interessa que as peças pareçam vulneráveis, como os
balões", explica. A figuração apareceu em seu trabalho em meados
dos anos 90, quando se propôs o
desafio de ser mais literal: "Como
as peças pareciam respirar, devido ao mecanismo de ventiladores
que as mantém cheias, resolvi tomar o passo seguinte".
Chieco vê diversas relações entre os trabalhos: "O corpo, o traço,
o cabo do ventilador ligado à tomada principalmente". É que
seus desenhos tratam de sistemas
que interligam e dão função aos
corpos, como evidencia o "experimento" que está preparando para sua individual no Paço das Artes, neste mês, que vai conectar
corpos reais a um "Instrumento
de Sucção de Luz Vermelha".
Max Streicher e Fernanda
Chieco
Onde: galeria Leme (r. Agostinho Cantu,
88, tel. 0/xx/11/3814-8184)
Quando: abertura hoje, das 18h às 22h;
de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das
10h às 17h; até 2 de abril
Quanto: grátis
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