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Massimo é clássico à moda antiga
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
Talvez o maior mérito do
restaurante Massimo, o que
resume sua longevidade, é conseguir ser um clássico à moda antiga. A moda antiga explica-se pelo
fato de ter comemorado em janeiro 30 anos; e exemplifica-se pelo
fato de não ter realizado nenhuma das celebrações que hoje em
dia se espera -a difusão do fato
por meio de uma assessoria de
imprensa, a comemoração por
atos midiáticos para as colunas
sociais, um festival gastronômico
dirigido às colunas gastronômicas. Nada disso aconteceu.
E não é só isso que é antigo. A
presença dos irmãos-proprietários, Massimo e Venanzio Ferrari,
todo dia na entrada da casa, numa
mesinha que é mistura de gerência e caixa, ambos em mangas de
camisa, cumprimentando habilmente a clientela (meio de longe,
mais gesticulando que falando,
completamente informais no suspensório, mas nada invasivos
-coisa de profissional). Apesar
do sorriso infalível, quase plástico, que Massimo ostenta diuturnamente, há clientes que se irritam com essa antigüidade.
Acham os preços astronômicos
(são mesmo; por outro lado, o estacionamento é de graça, o espaço
entre as mesas é o maior da cidade, os ingredientes são no mais
das vezes impecáveis); acham cafona a paisagem bucólica pintada
na parede (é mesmo, mas ajuda a
compor um clima informal, uma
naturalidade cantineira que é inédita nos restaurantes elegantes, isso ajuda); acham um despropósito anacrônico não aceitarem cartão de crédito (é verdade, é um incômodo injustificável, mas os
proprietários, com a conta, entregam um formulário para quem
preferir pagar outro dia) e nem
sempre acham que a cozinha justifica os preços e a fama.
Este último é freqüentemente
ponto de debate entre os gourmets que freqüentam o Massimo.
E deve ser julgado em relação ao
que propõe o restaurante. Desde
o início, trata-se de servir a grande
cozinha italiana baseado no que
ela tem de melhor -os ingredientes e o despojamento. Até
coisas absurdas como um espaguete que acaba de cozinhar dentro do papel-alumínio no forno,
junto do molho, dá certo. Os pescados do cardápio que muda todo
dia (pescada-amarela ao forno
com vinho branco, alcaparras e
azeitonas; robalo com favas frescas e mariscos) costumam ser
frescos e exuberantes. A paletinha
de cordeiro de leite ao forno, ou
suas costelinhas grelhadas, trazem uma delicadeza inusitada.
Até uma sobremesa francesa
-sua famosa tarte tatin, exibida
num carrinho como se fosse num
rodízio (isso é o Massimo...), se
sobressai entre seus pares da cidade. Se os pães não são o máximo
ou outras sobremesas são o mínimo, não empanam a grandeza do
restaurante.
O Massimo nasceu há 30 anos,
dando seqüência à tradição familiar nascida em 1954 quando os
pais dos proprietários abriram a
churrascaria Cabana, no centro
de São Paulo. Suas mesas têm reunido não somente milionários e
políticos poderosos mas também
confrarias de gastrônomos e enófilos que os Ferrari recebem de
braços abertos. São muitos os segmentos que aproveitam e aplaudem um trabalho levado com rara
dignidade.
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