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Burle Marx ganha mostra à altura de sua produção
DO ENVIADO AO RIO
Paisagista, pintor, designer de joias, ceramista,
tapeceiro, autor de cenários e figurinos de teatro,
músico e ecologista, Roberto
Burle Marx (1909-1994) ganha
no centenário de seu nascimento uma mostra à altura de
todas as suas atividades com "A
Permanência do Instável", em
cartaz no Paço Imperial do Rio.
Com curadoria de Lauro Cavalcanti, também diretor da
instituição, a exposição apresenta a extensa produção de
Burle Marx em mais de 335 objetos, de pinturas, gravuras e
aquarelas a um jardim suspenso, projetado inicialmente para
uma área interna do Museu Nacional de Belas Artes do Rio,
primeira imagem que se vê do
artista na mostra, junto a cerâmicas dispostas nas paredes externas.
Aí se revelam trunfos da exposição -a extensa pesquisa
em torno da obra de Burle
Marx e a exibição de um trabalho de paisagismo ao vivo, não
apenas em documentos.
Ao longo da mostra, que ocupa os dois pavimentos do edifício do Paço, uma linha do tempo apresenta todos os fatos
marcantes da vida do homenageado. Mas, disposta no chão, a
sinalização cria um efeito desconfortável -o único senão da
montagem.
Paulista que viveu dois anos
na Alemanha (1928/29), onde
tomou contato com a produção
moderna borbulhante do período da República de Weimar,
Burle Marx vai se caracterizar
como fiel seguidor do modernismo, especialmente ao conceber seus jardins como construções abstratas, mas vinculado a uma vertente tropical e,
portanto, orgânica.
Em "A permanência do Instável" isso se torna patente em
muitas de suas pinturas e guaches, dispostas no primeiro pavimento, que parecem vistas
aéreas de seus jardins, fazendo
com que tinta e plantas se
transformem num componente único em seu sistema de criação.
Ou mesmo linhas, como se
vê em outro ponto alto da mostra, a exibição da maior tapeçaria criada pelo artista, em 1969,
para a prefeitura de Santo André, com 26 metros de largura
por 3,3 metros de altura.
É no segundo pavimento,
contudo, que está disposta a
parte mais conhecida e reconhecida da obra de Burle Marx:
seus paisagismos. Do Parque
do Flamengo (1961) e da calçada e jardins da avenida Atlântica (70), ambos no Rio, aos jardins da Pampulha (42), em Belo Horizonte, passando pelo
Ibirapuera (53), em São Paulo,
e pelos jardins da Unesco (63),
em Paris, só para citar alguns
dos projetos mais famosos, a
curadoria reuniu uma ampla
documentação em desenhos,
fotos, maquetes e filmes.
É dessas exposições imperdíveis, nas
quais se compreende não só
uma obra, mas um sistema de
pensamento.
(FCY)
ROBERTO BURLE MARX 100
ANOS, A PERMANÊNCIA DO
INSTÁVEL
Onde: Paço Imperial do Rio de Janeiro
(praça 15 de Novembro, 48, centro, tel.
0/xx/21/2533-4407)
Quando: ter. a dom., das 12h às 18h;
até 22/3
Quanto: entrada franca
Avaliação: ótimo
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