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Produção paranaense tem alguns nichos de qualidade
DO ENVIADO A CURITIBA
No Fringe, a qualidade das
produções curitibanas costuma suscitar dúvidas. A predominância de peças locais (nesta
edição, 108 em um universo de
180) evidencia a mediocridade
em temas, títulos e conteúdos
apelativos. Entretanto, alguns
artistas conseguiram criar dissonâncias.
Quatro grupos ocuparam o
teatro da UFPR para mostrar
repertório. Pausa Cia., Cia. Silenciosa, A Armadilha Cia. de
Teatro e Cia. Provisória riscaram o chão no compromisso
com a pesquisa e sintonia com
o teatro contemporâneo.
Nesse projeto, um espetáculo bem-sucedido foi "Os
Leões", montagem de Nadja
Naira, da Armadilha, para o
texto do espanhol Pablo Miguel
de la Vega y Mendoza. Os atores Alexandre Nero e Diego
Fortes catalisam a força centrípeta do drama: dois homens solitários submetidos à convivência, um condicionado ao outro.
É de se perguntar, porém,
por que esses mesmos artistas
que primam pela encenação e
interpretação não avançam em
dramaturgias próprias.
Em outro esforço por demarcar território, Marcos Damasceno construiu, em 2003, um
galpão no fundo do quintal da
casa que aluga. Ali, mostrou
"Sonho de Outono", do norueguês Jon Fosse. Uma história
sobre perdas bem fiel aos tons
cinzas que fazem parte da vida.
Em "Antígona - Reduzida e
Ampliada", a Cia. Senhas, da diretora Sueli Araújo, concebe
uma ousada releitura da obra
de Sófocles para refletir a civilização do consumo. Ali, decalca-se beleza da arte do teatro, ainda que a partir de desumanidades sem fim.
(VALMIR SANTOS)
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