São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mônica Bergamo

bergamo@folhasp.com.br



Caio Guatelli/ Folha Imagem
Maria Izabel Noronha, da Apeoesp, posa depois de presidir assembleia de grevistas

GREVE

Bebel bota pra quebrar

"Menina, errei no tempo, né? Tá frio, não tá?", pergunta Maria Izabel Noronha, a célebre Bebel, a mulher que, na presidência da Apeoesp, lidera greve de professores, diz que vai "quebrar a espinha dorsal" de José Serra (PSDB-SP) e para a cidade com passeatas por aumento salarial.

 


De vestido florido e sandália plataforma, ela entra em um bar na avenida Paulista meia hora antes da passeata de quarta-feira, para almoçar. "Fritas, não! Vou querer um contrafilé grelhado com salada e arroz. E um suco de mamão com água." Bebel tira um saquinho de adoçante da bolsa. "Hoje, precisamos ter energia!"

 


"Muito vaidosa", Bebel diz que, por conta da greve, não está conseguindo se cuidar. "Estou irritada porque tô com a perna peluda, acredita?", diz ela, mostrando as unhas, também por fazer.

 


Já os cabelos estão em ordem, graças à escova que ela mesma fez antes de sair do apartamento em que fica quando está na cidade. "Acordo cedinho, seco o cabelo, me maquio." E sobe nas plataformas -ela não vê problema em caminhar de salto alto na passeata, que naquele dia iria do Masp até a praça da República. Brincos dourados, colar de pérolas, três anéis na mão esquerda, pulseira e relógio, a professora usa sombra verde, lápis azul nos olhos e batom rosa-choque.

 


"Precisa mesmo?", responde ela quando a coluna pergunta a sua idade: 48 anos, revela, 24 deles como professora de Português e Literatura do ensino médio da rede pública estadual.

 


Bebel nasceu em Piracicaba e, aos seis anos, se mudou para Águas de São Pedro, onde vive até hoje, na casa da mãe. Nunca se casou. "Meus namoros não deram certo." Em breve, será mãe. Ela deu entrada em um processo de adoção de uma menina de três meses, a quem deu o nome de Maria Manoela em homenagem a seu pai, Manoel, morto no ano passado. "Ele era a paixão da minha vida."

 


Outra paixão, ou "uma opção de vida", é o movimento sindical. Bebel está longe das salas de aula há 15 anos, desde 1995, quando se afastou para fazer uma dissertação de mestrado e depois assumiu o cargo de vice-presidente na Apeoesp. Recebe R$ 1.800 por mês, salário de professora, e "nada a mais por presidir a Apeoesp".

 


Depois do almoço, Bebel caminha até o Masp. Saca batom e espelho da bolsa e retoca a maquiagem. "Vai lá, Bebel! Força!". Na mesma hora, no Palácio dos Bandeirantes, José Serra, que se despedia do governo de SP, se referia indiretamente ao movimento como "falanges do ódio". Já Bebel dizia que o tucano é "igual ao Maluf".

 


"Comecei bem de baixinho mesmo", diz ela ao relatar seus passos na carreira sindical. "Fui representante de escola, da região,secretária de organização do interior, vice e presidenta [da Apeoesp]."

 


Já na política eleitoral, não fez tanto sucesso. Filiada ao PT em 1991, concorreu a vereadora em Águas de São Pedro um ano depois. Recebeu cem votos.

Campanha salarial

O ex-governador José Serra (PSDB-SP) afirma que passará a se sustentar com "o dinheiro da aposentadoria de professor da Unicamp [Universidade de Campinas]" nos próximos meses. "É pouco, mas dá, é o suficiente", afirmou ele à coluna, sem precisar valores. Um profissional aposentado, como Serra, passou a receber cerca de R$ 12 mil líquidos depois de reajuste salarial em março.

QUEM PAGA
No caso da ex-ministra e pré-candidata à Presidência Dilma Rousseff, o PT já afirmou que se responsabilizará por todos os gastos dela até o começo da campanha eleitoral -do aluguel da casa em que viverá ao transporte em jatos e helicópteros. Já Serra diz que, em seu caso e no do PSDB, "nada está acertado. Vamos ver tudo isso a partir de agora".

A PÉ
Com exceção de seguranças, que continuam a acompanhar ex-governadores em São Paulo, Serra perdeu, desde ontem, toda a estrutura material (como deslocamento por meio de aviões ou helicópteros) e de funcionários de que sempre dispõem os governantes.

GRANDE ESTILO
John Neschling voltará aos palcos brasileiros a partir do dia 13 de junho, quando abre a turnê da Companhia Brasileira de Ópera, em Brasília, com "O Barbeiro de Sevilha". Depois, maestro e músicos seguem para apresentações em Belo Horizonte, Porto Alegre e outras 17 cidades. O espetáculo chega a SP entre outubro e novembro - seguindo para últimas apresentações no Rio de Janeiro.

GRANDE APOIO
Dos R$ 14 milhões orçados para a Companhia, R$ 5 milhões foram investidos diretamente pelo Ministério da Cultura. Outros R$ 5 milhões vieram da Petrobras e do Banco do Brasil. O restante terá que ser captado com investidores por meio da Lei Rouanet.

EM CÍRCULO
As voltas que a vida dá: resgatado agora pelo governo e por estatais comandadas pelo PT, Neschling era, até 2006, um entusiasta dos tucanos de São Paulo, em especial do ex-governador Geraldo Alckmin e de Fernando Henrique Cardoso -por quem acabou sendo demitido da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) depois de desentendimentos com o ex-governador José Serra, de SP.

O BEM E O MAL
No mesmo dia em que recebeu balas de revólver em envelopes com cartas ameaçadoras, há algumas semanas, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, presidente do Palmeiras, soube que seria agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Científico, em Brasília.

 


Ele recebe a honraria no próximo dia 24 de maio.

SALTO DO DIVÓRCIO
Recém-separada do ator Tim Robbins depois de 20 anos de casamento, a atriz Susan Sarandon comparou a nova vida de solteira a um salto de paraglider, em entrevista à revista "Entertainment Weekly". "Você é levado para o alto em um avião e é tudo barulhento e aborrecedor. Aí você puxa uma cordinha e, de repente, está flutuando, e na sua mente absolutamente nada faz sentido. Mas é estimulante e assustador."

CURTO-CIRCUITO
ESTREIA HOJE , às 21h, a peça "O Quê?!", da Cia. Teatral Ninguém é Perfeito, no auditório do MuBE, no Jd. Europa. 12 anos.
O ESPETÁCULO "Eldorado", solo do ator Eduardo Okamoto, reestreia hoje, às 21h, no teatro Cacilda Becker. 14 anos.
A PEÇA "Estranho Casal", com Carmo Dalla Vecchia, segue hoje para o teatro Renaissance, às 21h30. Classificação: 12 anos.
A BOATE Funhouse abriga hoje a festa "Tô Mara", a partir das 23h, na rua Bela Cintra, 567. Classificação etária: 18 anos.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e FLAVIA MARTIN



Texto Anterior: Programação de TV
Próximo Texto: Beuys vem aí
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.