|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TEATRO
Vida e obra do cientista alemão viram tema para três peças; mais novo espetáculo estréia hoje em São Paulo
Einstein sobe ao palco em três montagens
VALMIR SANTOS
especial para a Folha
Em tese, não haveria motivos
para efemérides (no próximo dia
18, completam-se 43 anos da sua
morte), mas o teatro paulistano
está fazendo uma espécie de revisão extemporânea da obra e da vida de Albert Einstein (1879-1955).
Com a estréia hoje de "Sonhos de
Einstein", agora são três os espetáculos que gravitam em torno do
físico e matemático alemão, pai da
teoria da relatividade.
O monólogo "Einstein - um Ato
de Gabriel Emanuel" cumpre temporada há duas semanas no teatro
Sérgio Cardoso. A terceira montagem, "Albert Einstein", estreou no
fim de 95, fruto da pesquisa de um
grupo do Instituto de Física da
USP, e é encenada em escolas.
Para a diretora e autora de "Sonhos de Einstein", Isabel Setti, 43,
o maior legado do cientista transcende à própria ciência: a reflexão
constante sobre o ser/estar no
mundo. "A maior parte dos nossos sofrimentos vem da noção estreita de tempo e espaço", afirma.
A princípio, Setti e seu grupo
-As Graças- queriam falar das
mulheres da história que foram
ofuscadas ao lado de famosos.
Quando depararam com Mileva
Maric (1875-1948), com quem
Einstein viveu durante 11 anos e
teve dois filhos, o projeto acabou
se concentrando no casal.
"Sonhos de Einstein" é uma
adaptação do livro homônimo do
inglês Alan Lightman. O autor volta a 1905, em Berna (Suíça), para
encontrar um judeu de 26 anos
sustentando esposa e filho num
escritório de patentes. É a partir
daí, antes do mundo descobri-lo,
que a peça propõe 30 sonhos que
passam pela cabeça daquele gênio
iminente, como que antecipando
seu universo criativo.
Dos 30 sonhos originais, a montagem selecionou 11. São enfatizados personagens reais, como a irmã Maja e a secretária pessoal Helen. Einstein, propriamente, não
entra em cena. "Ele é o sonhador
da peça e vamos deixá-lo simbolicamente na platéia, com o público", justifica Setti.
Em "Einstein - um Ato de Gabriel Emanuel", o físico surge por
inteiro, aos 70 anos. O texto de Gabriel Emanuel -pseudônimo do
canadense Gordon Wiseman,
43- costura as lembranças da infância e da juventude em meio ao
pensamento do personagem sobre
ciência, criação e religião.
O monólogo é interpretado por
Carlos Palma, 44. O primeiro contato do ator com o texto aconteceu
em 95, quando assistiu à mesma
montagem no Chile. Em seguida,
conseguiu contatar o autor, que
lhe fez uma única exigência: o diretor tinha de ser judeu. Einstein
fez oposição a Hitler e foi perseguido pelo regime nazista. O diretor escolhido foi Sylvio Zilber, 61.
O homem irreverente aparece
em "Albert Einstein", espetáculo
infanto-juvenil dirigido por Denise Martha, 37. Os atores Alessandro Juns, 23, e Daniela Cardozo,
18, se revezam no palco em 17 personagens, girando em torno do
mesmo eixo: Einstein. Estão lá,
por exemplo, suas indagações pessoais, a amizade com Chaplin e
sua participação nos projetos da
bomba nuclear.
Peça: Sonhos de Einstein
Quando: hoje, 21h30 (estréia); qui. a sáb.,
21h30; dom., 20h30
Onde: Centro Cultural São Paulo - sala
Paulo Emílio (r. Vergueiro, 1.000, tel.
011/277-3611)
Quanto: R$ 12
Peça: Einstein - um Ato de Gabriel Emanuel
Quando: qua. e qui., às 21h
Onde: teatro Sérgio Cardoso - sala
Paschoal Carlos Magno (r. Rui Barbosa, 153,
tel. 011/288-0136)
Quanto: R$ 15
Peça: Albert Einstein
Onde: apresentações em escolas (agenda
pelo tel. 011/265-0214, das 10h às 17h)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|