São Paulo, quinta, 2 de abril de 1998

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TEATRO
Vida e obra do cientista alemão viram tema para três peças; mais novo espetáculo estréia hoje em São Paulo
Einstein sobe ao palco em três montagens

VALMIR SANTOS
especial para a Folha

Em tese, não haveria motivos para efemérides (no próximo dia 18, completam-se 43 anos da sua morte), mas o teatro paulistano está fazendo uma espécie de revisão extemporânea da obra e da vida de Albert Einstein (1879-1955). Com a estréia hoje de "Sonhos de Einstein", agora são três os espetáculos que gravitam em torno do físico e matemático alemão, pai da teoria da relatividade.
O monólogo "Einstein - um Ato de Gabriel Emanuel" cumpre temporada há duas semanas no teatro Sérgio Cardoso. A terceira montagem, "Albert Einstein", estreou no fim de 95, fruto da pesquisa de um grupo do Instituto de Física da USP, e é encenada em escolas.
Para a diretora e autora de "Sonhos de Einstein", Isabel Setti, 43, o maior legado do cientista transcende à própria ciência: a reflexão constante sobre o ser/estar no mundo. "A maior parte dos nossos sofrimentos vem da noção estreita de tempo e espaço", afirma.
A princípio, Setti e seu grupo -As Graças- queriam falar das mulheres da história que foram ofuscadas ao lado de famosos. Quando depararam com Mileva Maric (1875-1948), com quem Einstein viveu durante 11 anos e teve dois filhos, o projeto acabou se concentrando no casal.
"Sonhos de Einstein" é uma adaptação do livro homônimo do inglês Alan Lightman. O autor volta a 1905, em Berna (Suíça), para encontrar um judeu de 26 anos sustentando esposa e filho num escritório de patentes. É a partir daí, antes do mundo descobri-lo, que a peça propõe 30 sonhos que passam pela cabeça daquele gênio iminente, como que antecipando seu universo criativo.
Dos 30 sonhos originais, a montagem selecionou 11. São enfatizados personagens reais, como a irmã Maja e a secretária pessoal Helen. Einstein, propriamente, não entra em cena. "Ele é o sonhador da peça e vamos deixá-lo simbolicamente na platéia, com o público", justifica Setti.
Em "Einstein - um Ato de Gabriel Emanuel", o físico surge por inteiro, aos 70 anos. O texto de Gabriel Emanuel -pseudônimo do canadense Gordon Wiseman, 43- costura as lembranças da infância e da juventude em meio ao pensamento do personagem sobre ciência, criação e religião.
O monólogo é interpretado por Carlos Palma, 44. O primeiro contato do ator com o texto aconteceu em 95, quando assistiu à mesma montagem no Chile. Em seguida, conseguiu contatar o autor, que lhe fez uma única exigência: o diretor tinha de ser judeu. Einstein fez oposição a Hitler e foi perseguido pelo regime nazista. O diretor escolhido foi Sylvio Zilber, 61.
O homem irreverente aparece em "Albert Einstein", espetáculo infanto-juvenil dirigido por Denise Martha, 37. Os atores Alessandro Juns, 23, e Daniela Cardozo, 18, se revezam no palco em 17 personagens, girando em torno do mesmo eixo: Einstein. Estão lá, por exemplo, suas indagações pessoais, a amizade com Chaplin e sua participação nos projetos da bomba nuclear.


Peça: Sonhos de Einstein Quando: hoje, 21h30 (estréia); qui. a sáb., 21h30; dom., 20h30 Onde: Centro Cultural São Paulo - sala Paulo Emílio (r. Vergueiro, 1.000, tel. 011/277-3611) Quanto: R$ 12
Peça: Einstein - um Ato de Gabriel Emanuel Quando: qua. e qui., às 21h Onde: teatro Sérgio Cardoso - sala Paschoal Carlos Magno (r. Rui Barbosa, 153, tel. 011/288-0136) Quanto: R$ 15
Peça: Albert Einstein Onde: apresentações em escolas (agenda pelo tel. 011/265-0214, das 10h às 17h)


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