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Curta "Botas Assassinas" retrata barbárie atual
da Equipe de Articulistas
"Quebrar costelas é bom, mas
nada se compara ao som da bota
estourando um crânio. É como
quebrar um ovo cozido."
Parece diálogo de "Laranja Mecânica", mas não é. É o depoimento de um jovem sueco no curta-metragem "Botas Assassinas".
Se o tema da violência juvenil é
um dos lugares-comuns de nossa
época, o diretor sueco Kjell-Ake
Olsson escolheu um modo original e eficiente de abordá-lo: a metonímia.
Seu filme centra o foco naquelas
botas de bico de aço e cano longo
usadas como arma pelos jovens
neonazistas e imbecis de toda espécie.
Na descrição das tais botas, na
documentação de seu processo de
fabricação, na entrevista de um fabricante, há uma ironia e um sarcasmo que beiram o humor negro.
Mas esse tratamento ligeiro
-que lembra um pouco o uso cômico do documental por cineastas
brasileiros como Jorge Furtado e
José Roberto Torero- tem um
contraponto dramático poderoso:
o registro da lenta recuperação de
um rapaz que foi chutado na cabeça e passou um tempo em coma.
Em apenas 19 minutos, "Botas
Assassinas" dá conta de um quadro social crítico sem perder de
vista a dimensão individual dos
dramas narrados. Uma proeza que
que poucos filmes -mesmo de
longa-metragem- conseguem
realizar.
(JGC)
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