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TELEVISÃO
Secretário alega "problemas técnicos"; NBR diz que propôs convênio
Programação do MinC não consegue estrear na Net
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi uma estréia pela metade. A
TV Cultura e Arte, do Ministério
da Cultura, iniciou suas transmissões anteontem apenas pela operadora a cabo TVA, no canal 16. A
Net, que também seria transmissora da programação do MinC,
por meio do canal NBR, pertencente à Radiobrás, não exibiu as
duas horas de programação com
que a TV marcou sua ida ao ar.
O presidente da Radiobrás, Carlos Zarur, informou que o departamento jurídico da agência conduz entendimentos com o departamento jurídico do Ministério da
Cultura, ao qual foi proposta uma
minuta de convênio.
Pelo documento, o canal NBR
-Nacional Brasil- transmitiria
a programação da TV Cultura e
Arte, em sua grade, com a marca
d'água do NBR visível na tela, no
período das 22h às 24h, de segunda a sexta, e das 21h às 24h, aos sábados e domingos. O NBR se reserva o direito de interromper a
transmissão das atrações da TV
Cultura e Arte com noticiário de
governo sempre que julgar pertinente, providenciando posterior
compensação.
O convênio estabelece ainda
que a geração do sinal é responsabilidade do NBR e não da Fundação Padre Anchieta (TV Cultura
de São Paulo), com a qual o MinC
estabeleceu um convênio de cooperação técnica e de programação. O convênio do MinC com a
fundação consome a maior parte
do orçamento de R$ 2 milhões
destinado à instalação da TV.
Zarur afirma que a "alma" do
canal NBR "é o jornalismo governamental". "Não escondo isso de
ninguém, porque seria ridículo.
Mas, na interpretação da Net, somos o canal educativo e cultural."
O canal educativo e cultural é
uma das seis modalidades obrigatórias e gratuitas previstas na lei
do cabo (8.977) e que agora o
MinC reivindica para si. "Não cabe à Radiobrás discutir isso. À Radiobrás cabe estar no ar. Estou no
ar. Estou satisfeito. Estou sendo
muito bem tratado", diz Zarur.
A assessoria de imprensa da Net
confirma que o NBR é considerado pela operadora como o canal
educativo e cultural previsto pela
lei e diz estar informada de que a
TV Cultura e Arte irá ao ar dentro
da grade do NBR.
No último mês de março, o secretário do Audiovisual anunciou
que havia comunicado à Anatel
-Agência Nacional de Telecomunicações- a criação do canal
educativo e cultural, "em atendimento ao estabelecido na lei", e
que todas as operadoras a cabo
iriam obrigatoriamente exibir o
novo canal.
A coluna de TV da Folha, "Outro Canal", informou que a Net
não aceitaria a exigência e que a
chance de o MinC levar sua programação ao ar seria ocupando
uma faixa de horário no já existente NBR, com o qual o Ministério da Cultura tentava chegar a
um acordo.
Em abril, Moisés mudou seu
discurso e sustentou durante todo
o mês que os entendimentos com
a Radiobrás estavam concluídos.
O MinC chegou a publicar anúncio esta semana em duas revistas
de circulação nacional, anunciando que sua TV iria ao ar "nos canais da TVA e no NBR".
Desmentiu a si mesmo na última sexta-feira, incluindo nas publicações um comunicado de sua
secretária executiva, Maria Emília
Rocha Mello de Azevedo, que alega "razões de ordem técnica" para
que a programação não seja
transmitida pelo NBR.
"Tenho condições de colocar a
programação no ar assim que eles
assinarem o convênio", diz Zarur.
"Acho que houve uma confusão
aí, porque começaram a dizer que
nós iríamos perder a hora do canal para que entrasse um outro
canal naquele espaço, o que inclusive tecnicamente é inviável", diz
Zarur.
José Álvaro Moisés limita-se a
dizer que a transmissão da TV
Cultura e Arte pelo NBR passou a
enfrentar "problemas técnicos" a
partir da última sexta-feira e que
os "problemas" devem ser resolvidos "nos próximos dias".
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