São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002

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O Brasil de perfil


Três coleções já lançadas e duas séries inéditas, que serão publicadas no próximo semestre, definem a geografia do país a partir de personagens de seus Estados


CASSIANO ELEK MACHADO
FRANCESCA ANGIOLILLO


DA REPORTAGEM LOCAL

É nas editoras, não em institutos geográficos, que se desenha um novo mapa do Brasil. Nesse traçado o que menos importa são fronteiras, rios ou montanhas: quem empresta a cara são os personagens que povoam seus Estados.
Esse mapa não surge de caso pensado. É fruto de uma conjunção editorial que começou, em 1996, com a coleção Perfis do Rio, da Relume-Dumará, que já reúne mais de 30 retratos de cariocas, de nascimento ou adoção.
No Ceará brotou, alguns anos mais tarde, a série Terra Bárbara, conjunto de livros da Edições Demócrito Rocha, que já evoca quase duas dezenas de grandes personalidades da história do Estado.
Mirando a terra de Castro Alves e Jorge Amado, a coleção Bahia com H, da editora Manati, acaba de lançar seu primeiro título.
É nas pranchetas paulistas, porém, que estão sendo ensaiados os novíssimos contornos dessa geografia. Duas coleções, que começam a ser publicadas no próximo semestre, colocam São Paulo no mapa.
A primeira delas, batizada de Paulicéia, chega às livrarias em setembro. Concebida pela Boitempo, a série não se limita aos perfis de personagens. Retratos de bairros, ensaios breves sobre temas ligados à história paulistana, como a Semana de 22 ou a Democracia Corintiana, e até ficções na cidade compõem a coleção.
A idéia veio da síntese, da constatação da paraense Ivana Jinkins, editora da Boitempo, de que o Estado paulista seria o melhor retrato do que é o Brasil. "São Paulo reúne o que há de melhor e pior do país. É a carteira de identidade brasileira", explica a editora, que coordena a coleção em parceria com o sociólogo Emir Sader.
No começo de 2003 chega às prateleiras outra fornada de instantâneos de paulistanos que ajudaram a moldar a história local.
Avenida Paulista é o nome da coleção elaborada sob o selo Prestígio, o mais novo braço editorial da Ediouro, criado no segundo semestre de 2001. A série chega com os 450 anos da cidade, em janeiro do ano que vem.
Fazendo coro com Jinkins, Jiro Takahashi, da Ediouro, ressalta a pluralidade de São Paulo como elemento norteador da série.
"Julgamos que a melhor maneira de nos incorporarmos às comemorações seria a criação de uma série que destacasse a riqueza humana que vem construindo a cultura da cidade e enriquecendo o cenário nacional", explica Takahashi.
"Dessa forma, pensamos numa coleção em que escritores e jornalistas atuantes escrevessem sobre personalidades marcantes da cena paulistana, tanto do passado como do presente."
Não por acaso, a Avenida Paulista tem coordenação editorial de Alberto Schprejer, "pai" da pioneira Perfis do Rio.
A partir da experiência prévia, Schprejer arrisca dizer que os retratos vão um passo além de simplesmente iluminar as personalidades retratadas: eles contribuem para um entendimento ampliado do Brasil. Na sua opinião, elas "costuram" aspectos vistos como estanques, como a vida cultural e a política. "Se você juntar "perfilados", você entende, por exemplo, o vazio que se instalou no Rio quando deixou de ser capital."



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