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O Brasil de perfil
Três coleções já lançadas e duas séries inéditas, que serão publicadas no próximo semestre, definem a geografia do país a partir de personagens de seus Estados
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CASSIANO ELEK MACHADO
FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL
É nas editoras, não em institutos
geográficos, que se desenha um
novo mapa do Brasil. Nesse traçado o que menos importa são fronteiras, rios ou montanhas: quem
empresta a cara são os personagens que povoam seus Estados.
Esse mapa não surge de caso
pensado. É fruto de uma conjunção editorial que começou, em
1996, com a coleção Perfis do Rio,
da Relume-Dumará, que já reúne
mais de 30 retratos de cariocas, de
nascimento ou adoção.
No Ceará brotou, alguns anos
mais tarde, a série Terra Bárbara,
conjunto de livros da Edições Demócrito Rocha, que já evoca quase duas dezenas de grandes personalidades da história do Estado.
Mirando a terra de Castro Alves
e Jorge Amado, a coleção Bahia
com H, da editora Manati, acaba
de lançar seu primeiro título.
É nas pranchetas paulistas, porém, que estão sendo ensaiados os
novíssimos contornos dessa geografia. Duas coleções, que começam a ser publicadas no próximo
semestre, colocam São Paulo no
mapa.
A primeira delas, batizada de
Paulicéia, chega às livrarias em setembro. Concebida pela Boitempo, a série não se limita aos perfis
de personagens. Retratos de bairros, ensaios breves sobre temas ligados à história paulistana, como
a Semana de 22 ou a Democracia
Corintiana, e até ficções na cidade
compõem a coleção.
A idéia veio da síntese, da constatação da paraense Ivana Jinkins,
editora da Boitempo, de que o Estado paulista seria o melhor retrato do que é o Brasil. "São Paulo
reúne o que há de melhor e pior
do país. É a carteira de identidade
brasileira", explica a editora, que
coordena a coleção em parceria
com o sociólogo Emir Sader.
No começo de 2003 chega às
prateleiras outra fornada de instantâneos de paulistanos que ajudaram a moldar a história local.
Avenida Paulista é o nome da
coleção elaborada sob o selo Prestígio, o mais novo braço editorial
da Ediouro, criado no segundo
semestre de 2001. A série chega
com os 450 anos da cidade, em janeiro do ano que vem.
Fazendo coro com Jinkins, Jiro
Takahashi, da Ediouro, ressalta a
pluralidade de São Paulo como
elemento norteador da série.
"Julgamos que a melhor maneira de nos incorporarmos às comemorações seria a criação de
uma série que destacasse a riqueza humana que vem construindo
a cultura da cidade e enriquecendo o cenário nacional", explica
Takahashi.
"Dessa forma, pensamos numa
coleção em que escritores e jornalistas atuantes escrevessem sobre
personalidades marcantes da cena paulistana, tanto do passado
como do presente."
Não por acaso, a Avenida Paulista tem coordenação editorial de
Alberto Schprejer, "pai" da pioneira Perfis do Rio.
A partir da experiência prévia,
Schprejer arrisca dizer que os retratos vão um passo além de simplesmente iluminar as personalidades retratadas: eles contribuem
para um entendimento ampliado
do Brasil. Na sua opinião, elas
"costuram" aspectos vistos como
estanques, como a vida cultural e
a política. "Se você juntar "perfilados", você entende, por exemplo,
o vazio que se instalou no Rio
quando deixou de ser capital."
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