São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002 |
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BRASIL DE PERFIL O erudito Sérgio Buarque de Holanda e o popular Adoniran Barbosa farão "estréia" da série Paulicéia Coleção traz o "yin-yang" de São Paulo
DA REPORTAGEM LOCAL Sérgio Buarque de Holanda e Adoniran Barbosa, duas caras bem distintas de São Paulo, vão inaugurar em setembro a coleção de livros Paulicéia. O erudito autor de "Raízes do Brasil" e o folclórico sambista de "Trem das Onze" personificam o ideal da série de livros da editora Boitempo: oposições. Em São Paulo há espaço para um bairro intelectualizado como a Vila Madalena, que terá sua história contada pelo escritor e artista plástico Enio Squeff, ou para o popular Brás, tema do veterano jornalista Lourenço Diaféria. O yin-yang também encarna em "Semana de 22", título da historiadora Márcia Camargos, e "Democracia Corintiana", nome do livro que está sendo preparado por um dos protagonistas desse movimento político-futebolístico, o jogador Sócrates. Ivana Jinkings, organizadora da coleção, diz que essas oposições visam construir um "perfil crítico" do Estado. "Nossos textos pretendem ser leves, mas não querem fazer um oba-oba", afirma. Ao mesmo tempo, Jinkings conta que não pretende afundar São Paulo, mas sim "resgatar a auto-estima" paulista e paulistana. Para montar esse quebra-cabeça, a editora se cercou de uma equipe calejada de escritores e produtores culturais. O módulo Retratos, que conta com os perfis de personalidades, está sob o comando de Luiz Ruffato, vencedor de prêmios literários como o APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), em 2001, pelo romance "Eles Eram Muitos Cavalos". Memória, o eixo de livros sobre temas caros à história do Estado, é dirigido por Vladimir Sacchetta, pesquisador e autor da biografia de Monteiro Lobato "Furacão na Botocundia". O arquiteto e desenhista Gilberto Maringoni centraliza Trilhas, parte onde ficam retratos de bairros paulistanos. O historiador e jornalista Roniwalter Jatobá se encarrega de Letras, módulo literário da coleção, que começa com o esquecido romance "Desmundo", de Geraldo Ferraz. Terra estrangeira Bahia com H, coleção que está redesenhando a história baiana a partir de personagens locais, curiosamente vem de fora dos recôncavos e arredores baianos. A série é dirigida por dois baianos, o poeta Waly Salomão e a advogada Maria Vitória de Seixas Caldas, mas é publicada no Rio de Janeiro, pela editora Manati. A coleção acaba de lançar seu primeiro título, o perfil "Corpo de Mandinga", do capoeirista Mestre Bimba, feito pelo sociólogo Muniz Sodré, professor da também carioca Universidade Federal do Rio. É principalmente em torno de personagens esquecidos da história baiana que Bahia com H deve se organizar. A cargo de escritores como João Ubaldo Ribeiro e Sonia Coutinho, os próximos lançamentos da coleção, marcados para outubro, devem perfilar Cosme de Farias, advogado defensor dos pobres, morto há 30 anos, e Maria Quitéria, heroína considerada uma espécie de Joana d'Arc brasileira do século 19. Nomes de mais reflexo no cenário cultural, como o cineasta Glauber Rocha e o poeta Castro Alves, são alvos para 2003. (CASSIANO ELEK MACHADO) Texto Anterior: O Brasil de perfil Próximo Texto: Para coordenador, gênero parte do jornalismo Índice |
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