PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Termina tumultuada a primeira semana de vigência da lei da numeração. Apenas a Sony e a Warner ousaram divulgar lançamentos numerados -os novos CDs de Marcelo D2 e Kelly Key, respectivamente.
O de D2 está numerado, mas desobedece às especificações -o número de lote está na caixinha (removível) de acrílico do CD, e não na parte gráfica da lombada, como determina a lei.
Questionada pela Folha desde segunda, a Sony não se pronunciou sobre a razão da numeração fora de lugar. Graças à confusão, o novo de Kelly Key é o primeiro CD corretamente numerado, em lombada e rótulo.
Se deu mal a indie Bizarre, que teve de adiar lançamento exclusivo da dupla alemã Stereo Total, por não ter obtido documentação a tempo. A dupla fez pocket show anteontem em São Paulo, sem poder vender o CD.

DIA DAS MÃES
O mercado especula que a Sony teria recolhido de volta 550 mil cópias do CD mais recente de Roberto Carlos. O vice-presidente da Sony, Alexandre Schiavo, reage, dizendo que elas continuam nas lojas, à venda: "Não é verdade. A campanha tradicional de Dia das Mães do disco já está na Globo, como sempre. Além disso, o Rei é um ótimo presente para o Dia dos Namorados". Mas diz que não teve tempo de conferir a quantas andam as vendagens.

RETROPICÁLIA?
Há exatos dez anos, Mathilda Kovak tentou formular no Rio de Janeiro, com artistas como Pedro Luís, Arícia Mess, Antônio Saraiva e Suely Mesquita, o "retropicalismo". Não foi adiante. Só agora ela e outro maldito notório da turma, Luís Capucho (já gravado por Cássia Eller), chegam a seus CDs de estréia, pelo selo indie Astronauta. Serão lançados na próxima terça, às 19h, na Livraria da Travessa (r. Visconde de Pirajá, 572, Ipanema, Rio).

CONEXÃO BRASIL-ESPANHA
O violonista e compositor Zezo Ribeiro foi celebrado por todos os lugares em que lançou, em 2001, o CD de fusões "Flamencando" -o que inclui Europa e EUA, mas exclui o Brasil natal, onde segue inédito. Radicado na Espanha, prepara CD que virá com vocais de Elba Ramalho e letras de Chico César.

@ - psanches@folhasp.com.br

A INDEPENDENTE

Talvez fique como um álbum à parte na discografia de Maria Bethânia, mas aqui é que se percebe a diferença que faz estar do lado de fora das regras de ferro do mercado musical. "Cânticos Preces Súplicas à Senhora dos Jardins do Céu" é um disco todo dedicado a deixar Maria entoar cânticos de louvor a Nossa Senhora -é difícil imaginar a idéia, de fato algo exótica, emplacando num borderô de gravadora multinacional.
Bethânia parece só concretizá-la porque está na Biscoito Fino, gravadora que é ligada a um grande banco, mas não tem compromisso sanguíneo com lucros, vendagens, jabás.
Nasce daí um disco específico, e especial, em que cabem canções de Schubert e de Waly Salomão, participações de Gilberto Gil e da mãe de Bethânia, cânticos e poemas, pop e solenidade, emoção e cérebro. Acima de tudo, nasce daí um CD que projeta Bethânia para longe da redundância em que a MPBzona e ela própria têm patinado.



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