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SHOW
Guitarrista, que participou do primeiro Rock in Rio, vem ao Brasil pela terceira vez e apresenta seus hits de norte a sul
Benson traz seu pop e jazz para as massas
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REDAÇÃO
O cantor e guitarrista George
Benson carrega nas costas uma
espécie de "maldição de Jekyll e
Hyde" aos olhos da crítica especializada: o instrumentista de
jazz, um dos mais virtuosos e versáteis do ritmo, coexiste com o
cantor pop que gravou diversas
"babas" atrás do sucesso comercial -que alcançou, a propósito.
Mas ao contrário dos personagens de "O Médico e o Monstro",
Benson, que está em turnê pelo
Brasil desde o dia 20/4 e se apresenta nesta semana em São Paulo
(amanhã e 4/5), Curitiba (5/5) e
Porto Alegre (6/ 5), aprendeu a
controlar a dupla personalidade.
"O público é que diz quem você
é. E meus fãs me dizem que eu sou
o cantor pop que, por acaso, também toca jazz. Então o instrumental ficou em segundo plano em relação a todos os meus discos bem-sucedidos como astro pop. Dos 22
hits que tive ao longo da minha
carreira, apenas um era de jazz
puro", explica Benson.
Não que os fãs do instrumentista cerebral não existam: eles apenas estão em minoria. "Infelizmente", emenda o músico, deixando transparecer, talvez, uma
leve preferência por sua personalidade jazzística.
Ele cita o exemplo, com o qual é
freqüentemente comparado, de
Nat King Cole, um excelente pianista cuja carreira instrumental
foi largamente ofuscada pelas
músicas que cantou. "Muitos preferiam que ele não cantasse, mas
isso teria sido uma tragédia. Tentei conduzir simultaneamente
minha carreira de guitarrista com
a de artista pop, mas não funcionou. Um dia me dei conta de que
devia dar ao público o que ele
queria e então me tornei uma estrela de verdade", afirma.
Essa dualidade de Benson fica
bem explícita em suas duas viagens anteriores ao Brasil. Em 1985
ele se apresentou na eclética (apesar do nome) primeira edição do
Rock in Rio, tocando em duas
noites com figuras tão díspares
quanto Elba Ramalho e James
Taylor -que roubou a cena e
ofuscou o show de Benson, que
vinha embalado pelo grande sucesso de "Give me the Night", disco e música de 1980.
Em sua segunda passagem pelo
país, Benson veio mostrar sua
porção mais clássica como convidado do Free Jazz Festival de 1989.
Com esse histórico, fica a dúvida:
o que se pode esperar da atual turnê que o músico traz ao Brasil?
"Vou dar às pessoas o que elas
querem ouvir. Não tem sentido
viajar até aqui para não fazer o
show que público espera. Quero
me apresentar para o maior número de pessoas possível, deixá-las me ver ao vivo para que percebam que minha música ainda tem
"pegada", não é apenas algo descartável que você ouve no rádio."
O que significa um desfile de sucessos como "This Masquerade",
"Turn your Love Around" e a já
citada "Give me the Night".
A terceira vinda de Benson ao
país é também a mais longa -um
total de nove shows em quase 20
dias- e abrangente em termos
geográficos: depois de Belo Horizonte, Belém, Brasília, Recife e
Fortaleza, o cantor agora passa
pelo Sudeste e acaba no Sul.
Para o país e seu povo, os elogios de praxe: "Todo mundo ama
o Brasil, há uma vibração muito
boa aqui. Os brasileiros sabem como se divertir", diz o astro, que
também já seguiu o que parece ser
o novo roteiro das estrelas internacionais que baixam por aqui e
doou uma guitarra ao Fome Zero
para ser leiloada, como já havia
feito Lenny Kravitz.
Além do povo e da caipirinha,
Benson também admira há tempos a música brasileira. Além de
ter gravado canções de Ivan Lins e
convidado o músico para uma
canja em seu show no Rock in
Rio, o americano entra em estúdio nesta semana, em São Paulo,
com o ministro-cantor Gilberto
Gil e outros músicos nacionais
para "experimentar". "Vamos ver
o que acontece", afirma.
George Benson
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, Vila
Olímpia, São Paulo, tel. 0/xx/11/3846-2300); Teatro Guaíra (r. Conselheiro
Laurindo, s/nš, centro, Curitiba, tel. 0/xx/
41/322-2628); Teatro do Sesi (av. Assis
Brasil, 8.787, Sarandi, Porto Alegre, tel.
0/xx/51/3347-8706)
Quando: amanhã e quarta (4/5), às
21h30, em São Paulo (Via Funchal); dia
5/5, às 21h, em Curitiba (Teatro Guaíra);
dia 6/5, às 21h, em Porto Alegre (Teatro
do Sesi)
Quanto: de R$ 100 a R$ 350 (Via
Funchal); de R$ 120 a R$ 180 (Teatro
Guaíra); de R$ 100 a R$ 300 (Teatro do
Sesi)
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