São Paulo, segunda-feira, 02 de maio de 2005

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SHOW

Guitarrista, que participou do primeiro Rock in Rio, vem ao Brasil pela terceira vez e apresenta seus hits de norte a sul

Benson traz seu pop e jazz para as massas

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REDAÇÃO

O cantor e guitarrista George Benson carrega nas costas uma espécie de "maldição de Jekyll e Hyde" aos olhos da crítica especializada: o instrumentista de jazz, um dos mais virtuosos e versáteis do ritmo, coexiste com o cantor pop que gravou diversas "babas" atrás do sucesso comercial -que alcançou, a propósito.
Mas ao contrário dos personagens de "O Médico e o Monstro", Benson, que está em turnê pelo Brasil desde o dia 20/4 e se apresenta nesta semana em São Paulo (amanhã e 4/5), Curitiba (5/5) e Porto Alegre (6/ 5), aprendeu a controlar a dupla personalidade.
"O público é que diz quem você é. E meus fãs me dizem que eu sou o cantor pop que, por acaso, também toca jazz. Então o instrumental ficou em segundo plano em relação a todos os meus discos bem-sucedidos como astro pop. Dos 22 hits que tive ao longo da minha carreira, apenas um era de jazz puro", explica Benson.
Não que os fãs do instrumentista cerebral não existam: eles apenas estão em minoria. "Infelizmente", emenda o músico, deixando transparecer, talvez, uma leve preferência por sua personalidade jazzística.
Ele cita o exemplo, com o qual é freqüentemente comparado, de Nat King Cole, um excelente pianista cuja carreira instrumental foi largamente ofuscada pelas músicas que cantou. "Muitos preferiam que ele não cantasse, mas isso teria sido uma tragédia. Tentei conduzir simultaneamente minha carreira de guitarrista com a de artista pop, mas não funcionou. Um dia me dei conta de que devia dar ao público o que ele queria e então me tornei uma estrela de verdade", afirma.
Essa dualidade de Benson fica bem explícita em suas duas viagens anteriores ao Brasil. Em 1985 ele se apresentou na eclética (apesar do nome) primeira edição do Rock in Rio, tocando em duas noites com figuras tão díspares quanto Elba Ramalho e James Taylor -que roubou a cena e ofuscou o show de Benson, que vinha embalado pelo grande sucesso de "Give me the Night", disco e música de 1980.
Em sua segunda passagem pelo país, Benson veio mostrar sua porção mais clássica como convidado do Free Jazz Festival de 1989. Com esse histórico, fica a dúvida: o que se pode esperar da atual turnê que o músico traz ao Brasil?
"Vou dar às pessoas o que elas querem ouvir. Não tem sentido viajar até aqui para não fazer o show que público espera. Quero me apresentar para o maior número de pessoas possível, deixá-las me ver ao vivo para que percebam que minha música ainda tem "pegada", não é apenas algo descartável que você ouve no rádio." O que significa um desfile de sucessos como "This Masquerade", "Turn your Love Around" e a já citada "Give me the Night".
A terceira vinda de Benson ao país é também a mais longa -um total de nove shows em quase 20 dias- e abrangente em termos geográficos: depois de Belo Horizonte, Belém, Brasília, Recife e Fortaleza, o cantor agora passa pelo Sudeste e acaba no Sul.
Para o país e seu povo, os elogios de praxe: "Todo mundo ama o Brasil, há uma vibração muito boa aqui. Os brasileiros sabem como se divertir", diz o astro, que também já seguiu o que parece ser o novo roteiro das estrelas internacionais que baixam por aqui e doou uma guitarra ao Fome Zero para ser leiloada, como já havia feito Lenny Kravitz.
Além do povo e da caipirinha, Benson também admira há tempos a música brasileira. Além de ter gravado canções de Ivan Lins e convidado o músico para uma canja em seu show no Rock in Rio, o americano entra em estúdio nesta semana, em São Paulo, com o ministro-cantor Gilberto Gil e outros músicos nacionais para "experimentar". "Vamos ver o que acontece", afirma.


George Benson
Onde:
Via Funchal (r. Funchal, 65, Vila Olímpia, São Paulo, tel. 0/xx/11/3846-2300); Teatro Guaíra (r. Conselheiro Laurindo, s/nš, centro, Curitiba, tel. 0/xx/ 41/322-2628); Teatro do Sesi (av. Assis Brasil, 8.787, Sarandi, Porto Alegre, tel. 0/xx/51/3347-8706)
Quando: amanhã e quarta (4/5), às 21h30, em São Paulo (Via Funchal); dia 5/5, às 21h, em Curitiba (Teatro Guaíra); dia 6/5, às 21h, em Porto Alegre (Teatro do Sesi)
Quanto: de R$ 100 a R$ 350 (Via Funchal); de R$ 120 a R$ 180 (Teatro Guaíra); de R$ 100 a R$ 300 (Teatro do Sesi)


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