São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2004

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FESTIVAL

Evento, que começa no dia 3 de julho, se concentra em seu gênero original e homenageia Haydn e Marlos Nobre

Menos político, Campos do Jordão retorna ao erudito

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Vai ter o piano de Nelson Freire, o violoncelo de Antonio Meneses, as principais orquestras paulistas e o Quinteto de Sopros da Filarmônica de Nova York. Destacando os compositores Joseph Haydn (1732-1809) e Marlos Nobre, 65, o 35º Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, de 3 a 25 de julho, busca resgatar suas origens, concentrando-se apenas na música erudita.
"Amo a MPB e o jazz, mas eles têm de ter seus próprios espaços", explica o maestro Roberto Minczuk, diretor artístico do evento, orçado em R$ 2,5 milhões, custeados com apoio de patrocinadores privados.
"A festa da música é a reunião de grandes artistas de renome internacional, com jovens talentos e o público", explica Minczuk. "O festival nasceu com essa vocação, mas, ao longo dos anos, foi se desvirtuando, se tornando político e se transformando em uma sucessão de eventos sem nexo."
O regente diz que não quer competir com as sociedades de concerto que trazem grandes nomes internacionais ao Brasil. "O conceito é outro. Em Campos do Jordão, o artista não dá um concerto e vai embora: ele dá master classes abertas ao público e toca com seus alunos. Buscamos a interação dinâmica entre artista, aluno e público."
Assim, por exemplo, é possível ver o violoncelista pernambucano radicado na Suíça (Meneses) tocando em duo com a pianista Sonia Rubinsky (no dia 5), dando master classes, nos dias 6 e 7, e tocando um concerto de Haydn com a Orquestra Experimental de Repertório (no dia 7).
O corpo docente inclui, além de Meneses, nomes como o maestro John Neschling, o violinista e regente Cláudio Cruz, o pianista carioca radicado em Londres Jean Louis Steuerman, o violinista belga de origem russa Boris Belkin e o Quinteto de Sopros da Filarmônica de Nova York. Todos eles, além das aulas, fazem apresentações no festival.
A abertura acontece no dia 3, no auditório Cláudio Santoro, com a Osesp, sob a batuta de Minczuk, tendo o pianista Pablo Rossi, 15, como convidado. O encerramento é na Sala São Paulo, no dia 25, com a Orquestra do Festival, também regida por Minczuk.
Outros destaques no Cláudio Santoro são o recital solo de Nelson Freire, no dia 22; a apresentação com orquestra do violinista russo Eugene Ugorski, no dia seguinte; e a encenação de uma ópera de Haydn: "L'Infedeltà Delusa", com regência de Minczuk, direção cênica de Jorge Takla e os cantores Fernando Portari (tenor) e Rosana Lamosa (soprano), no dia 21.
De Haydn, serão executadas muitas outras obras, como a "Missa in Tempore Belli", no dia 24, com a Osesp, regida por John Neschling. Além do mestre do classicismo austríaco, o festival homenageia o pernambucano Marlos Nobre, que terá a condição de compositor residente do evento, ministrando aulas de composição. Ele terá várias obras suas tocadas e elaborará uma peça para Campos do Jordão.
O festival ainda leva à serra orquestras como a Petrobras Pró-Música, do Rio de Janeiro, regida por Isaac Karabtchevsky (dia 8); a Sinfônica de Campinas (dia 10); e a Sinfônica Municipal, sob a batuta de Ira Levin (dia 17).
Minczuk comemora como "recorde" o número de 1.173 inscrições de alunos, concorrendo para as 160 bolsas de estudo integrais e 70 para master classes. No último domingo, foram feitas audições em Buenos Aires, e o mesmo tipo de seleção está marcado para o Rio de Janeiro, na sexta-feira, e São Paulo, na segunda-feira.


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