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FESTIVAL
Evento, que começa no dia 3 de julho, se concentra em seu gênero original e homenageia Haydn e Marlos Nobre
Menos político, Campos do Jordão retorna ao erudito
IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Vai ter o piano de Nelson Freire,
o violoncelo de Antonio Meneses,
as principais orquestras paulistas
e o Quinteto de Sopros da Filarmônica de Nova York. Destacando os compositores Joseph
Haydn (1732-1809) e Marlos Nobre, 65, o 35º Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, de 3 a 25 de julho, busca resgatar suas origens, concentrando-se apenas na música erudita.
"Amo a MPB e o jazz, mas eles
têm de ter seus próprios espaços",
explica o maestro Roberto Minczuk, diretor artístico do evento,
orçado em R$ 2,5 milhões, custeados com apoio de patrocinadores
privados.
"A festa da música é a reunião
de grandes artistas de renome internacional, com jovens talentos e
o público", explica Minczuk. "O
festival nasceu com essa vocação,
mas, ao longo dos anos, foi se desvirtuando, se tornando político e
se transformando em uma sucessão de eventos sem nexo."
O regente diz que não quer
competir com as sociedades de
concerto que trazem grandes nomes internacionais ao Brasil. "O
conceito é outro. Em Campos do
Jordão, o artista não dá um concerto e vai embora: ele dá master
classes abertas ao público e toca
com seus alunos. Buscamos a interação dinâmica entre artista,
aluno e público."
Assim, por exemplo, é possível
ver o violoncelista pernambucano
radicado na Suíça (Meneses) tocando em duo com a pianista Sonia Rubinsky (no dia 5), dando
master classes, nos dias 6 e 7, e tocando um concerto de Haydn
com a Orquestra Experimental de
Repertório (no dia 7).
O corpo docente inclui, além de
Meneses, nomes como o maestro
John Neschling, o violinista e regente Cláudio Cruz, o pianista carioca radicado em Londres Jean
Louis Steuerman, o violinista belga de origem russa Boris Belkin e
o Quinteto de Sopros da Filarmônica de Nova York. Todos eles,
além das aulas, fazem apresentações no festival.
A abertura acontece no dia 3, no
auditório Cláudio Santoro, com a
Osesp, sob a batuta de Minczuk,
tendo o pianista Pablo Rossi, 15,
como convidado. O encerramento é na Sala São Paulo, no dia 25,
com a Orquestra do Festival, também regida por Minczuk.
Outros destaques no Cláudio
Santoro são o recital solo de Nelson Freire, no dia 22; a apresentação com orquestra do violinista
russo Eugene Ugorski, no dia seguinte; e a encenação de uma ópera de Haydn: "L'Infedeltà Delusa", com regência de Minczuk, direção cênica de Jorge Takla e os
cantores Fernando Portari (tenor) e Rosana Lamosa (soprano),
no dia 21.
De Haydn, serão executadas
muitas outras obras, como a
"Missa in Tempore Belli", no dia
24, com a Osesp, regida por John
Neschling. Além do mestre do
classicismo austríaco, o festival
homenageia o pernambucano
Marlos Nobre, que terá a condição de compositor residente do
evento, ministrando aulas de
composição. Ele terá várias obras
suas tocadas e elaborará uma peça para Campos do Jordão.
O festival ainda leva à serra orquestras como a Petrobras Pró-Música, do Rio de Janeiro, regida
por Isaac Karabtchevsky (dia 8); a
Sinfônica de Campinas (dia 10); e
a Sinfônica Municipal, sob a batuta de Ira Levin (dia 17).
Minczuk comemora como "recorde" o número de 1.173 inscrições de alunos, concorrendo para
as 160 bolsas de estudo integrais e
70 para master classes. No último
domingo, foram feitas audições
em Buenos Aires, e o mesmo tipo
de seleção está marcado para o
Rio de Janeiro, na sexta-feira, e
São Paulo, na segunda-feira.
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