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POLÍTICA CULTURAL
Governistas propõem elaboração de novo projeto de fundo
Vaias marcam votação de fundo
DA REPORTAGEM LOCAL
A votação do projeto de lei que
abriria caminho para a criação do
Fundo Estadual de Arte e Cultura,
anteontem na Assembléia Legislativa, foi adiada em pelo menos
uma semana.
Com quase cinco horas de duração, a sessão na qual os deputados
votariam o projeto foi marcada
pela manifestação de cerca de 600
artistas, que lotaram o plenário,
entre eles, a atriz Denise Fraga e
Nelson Triunfo, precursor do
movimento hip hop em SP.
Os manifestantes não perdoaram os deputados governistas que
tentaram, por meio de uma
emenda ao projeto, tirá-lo da pauta. Arnaldo Jardim, líder do PPS
na Assembléia, partido do atual
secretário estadual da Cultura,
João Batista de Andrade, aparentemente havia convencido a comissão Pró-Fundo de Cultura a
elaborar um novo texto, desta vez
em parceria com o Executivo.
"Há dois fatos novos e relevantes: o novo secretário e o compromisso do governo em construir
uma política clara de cultura",
disse para dez membros da comissão de artistas. O interesse do
Executivo em participar da redação e, dessa forma, aumentar as
chances de viabilização do fundo,
deram esperanças ao grupo.
Mas, quando Jardim entrou no
plenário, a multidão se levantou
em gritos de "covarde". No momento em que subiu à tribuna para defender a retirada do projeto,
os manifestantes se colocaram de
costas. O deputado respondeu:
"Não é símbolo da criatividade
nem faz jus ao talento e à capacidade do artista brasileiro. Alguns
me tratam por covarde, mas me
atrasei para a sessão porque estava em diálogo com a comissão."
Depois de uma série de discursos de deputados da oposição e da
base governista, a sessão foi suspensa por quase uma hora.
Na volta, às 23h20, o presidente
da Casa, deputado Rodrigo Garcia (PFL), convocou uma reunião
extraordinária da Comissão de
Constituição e Justiça para análise
da emenda, que acabou caindo.
Mais duas comissões parlamentares devem examinar a emenda,
forçando o adiamento da votação.
Se fosse aprovado em plenário,
o projeto dependeria ainda da
sanção do governador. De acordo
com o texto, o fundo teria orçamento de cerca de R$ 115 milhões,
para serem utilizados em três
anos, que contemplariam nove
áreas da produção artística.
O texto apresentado anteontem
foi elaborado por uma comissão
de artistas e está em debate há
dois anos.
(TEREZA NOVAES)
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