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Caça aos piratas
Tribunais e leis apertam o cerco contra sites de downloads ilegais; o popular Mininova vai a julgamento hoje
BRUNA BITTENCOURT
DA REPORTAGEM LOCAL
A batalha travada entre sites
de downloads (de filmes, séries
e música) e a indústria de entretenimento, que defende a
proteção de direitos autorais,
passa atualmente pelo seu momento mais acirrado, mas está
ainda longe de uma solução.
Na tarde de hoje, o site Mininova (www.mininova.org),
um dos mais populares para
downloads, vai a tribunal, na
Holanda. O Mininova é acusado de distribuição de material
protegido por direito autoral
por uma associação holandesa
antipirataria, chamada Brein.
O objetivo da associação, que
representa de artistas a produtores de música, é fazer com
que o site holandês passe a filtrar seus resultados de busca e
bloqueie arquivos que tenham
direitos autorais protegidos.
O julgamento do Mininova
acontece menos de dois meses
após o site Pirate Bay (www.piratebay.org) ter ido ao tribunal. No dia 17 de abril, quatro
diretores do site de troca de arquivos da Suécia foram condenados pela Justiça do país a um
ano de prisão, além do pagamento de US$ 3,6 milhões (cerca de R$ 7,2 milhões) a empresas da indústria de entretenimento por cumplicidade na
violação dos direitos autorais.
O cantor e compositor Paul
McCartney chegou a apoiar publicamente o veredicto, sintetizando a insatisfação de muitos
artistas: "Se você pega um ônibus, deve pagar pelo bilhete",
disse o músico.
O caso, no entanto, está longe
do fim. Os diretores do Pirate
Bay avisaram que apelariam da
decisão. Quase dez dias depois,
solicitaram um novo julgamento, por meio de seus advogados,
alegando que o juiz responsável
pelo veredicto fez parte de grupos suecos de defesa de direito
autoral e, portanto, foi parcial
em sua decisão. A juíza convocada a analisar o caso foi afastada pelo mesmo motivo, segundo jornais suecos. Enquanto o
caso segue em aberto, o site
permanece no ar.
Fora dos tribunais, o Senado
francês aprovou, no último dia
13, uma lei que irá punir com
desconexão da internet usuários que fizerem downloads ilegais. A nova lei obriga provedores de internet a fornecer a
identidade de quem baixar material protegido por direito autoral. Os internautas que o fizerem serão advertidos por e-mail. Se insistirem, serão mais
uma vez repreendidos por carta e, depois, banidos da internet
por um ano e terão que continuar a pagar pelo serviço.
O editor da revista de tecnologia norte-americana "Wired", Chris Anderson, coloca
em dúvida a eficácia da lei, mas
acredita tratar-se de um aviso
repreensivo. "Eles estão mandando um recado", diz.
Segundo o advogado Renato
Opice Blum, especializado em
direito autoral e eletrônico, os
dois julgamentos, assim como a
nova lei francesa, terão pouco
impacto na vida do internauta
brasileiro, por não estarem relacionados diretamente a cidadãos ou à legislação do Brasil,
que também prevê este tipo de
processo. "Mas teremos um
impacto cultural, do que se pode ou não fazer. Tudo isso mostra que a internet não é um
mundo sem leis e que existem
processos", diz.
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