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Desacordo exclui Lygia Clark da Bienal
Curador considerou que exigências feitas pela instituição mantida pelo filho da artista eram "incompatíveis"
Números de brasileiros
na lista oficial cresceu
de 51 para 53 artistas em
relação a listagem
divulgada pela Folha
FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO
Apesar de serem confirmados para a 29ª Bienal de São
Paulo, os pichadores que invadiram e picharam o andar
vazio da última Bienal podem não ser considerados artistas por Agnaldo Farias, um
dos curadores.
"Achamos que o trabalho
deles é político, mas não sabemos se é arte, o que é uma
questão secundária, pois
muito artista, quando está
em produção, tampouco se
pergunta se está fazendo arte", disse Farias, ontem, na
entrevista coletiva durante o
anúncio da lista oficial de artistas escalados para a próxima edição da mostra.
Moacir dos Anjos, o curador-geral da Bienal, disse
que os pichadores serão vistos em registros de suas
ações -filmes e fotos-, além
de participarem de debates
nos terreiros do evento, que
tem abertura prevista para o
dia 25 de setembro.
"Eles nos procuraram e
nos interessa a potência do
que eles fazem", contou.
BRASILEIROS
Como a Folha antecipou
há dez dias, 148 artistas irão
tomar parte do prédio da Bienal e poucos nomes foram
trocados em relação à lista
prévia. O time brasileiro, por
exemplo, cresceu para 53 nomes, em relação aos 51 da lista anterior.
Entre as mudanças, está a
retirada da artista Lygia
Clark da exposição.
"Decidimos retirar a Lygia
ontem [anteontem] pois nos
foram impostas tantas condições pela instituição O Mundo de Lygia Clark que as consideramos incompatíveis
com a memória da artista",
afirmou Farias.
"Queriam até controlar
quem poderia escrever sobre
ela", completou o curador.
Entre outras condições, a
associação teria pedido três
passagens áreas e o pagamento dos direitos das imagem dos catálogos.
"Cada um tem a instituição que merece. Hoje, O
Mundo de Lygia Clark não
tem patrocínio nenhum e
precisamos cobrar para poder manter a associação
aberta", disse Álvaro Clark,
filho da artista e diretor da
instituição, à Folha.
"Eu não tenho dinheiro
para colocar na associação e
não recebo um tostão. De fato, o Moacir me ligou dizendo
que estava sem dinheiro,
mas não tenho como abrir
exceções", afirmou.
Já Heitor Martins, presidente da Bienal de São Paulo, anunciou ontem que o orçamento do evento está confirmado e será de R$ 30 milhões, sendo que a maior parte desse valor vem de leis de
incentivo.
"Mesmo assim, conseguimos cerca de R$ 4 milhões diretamente". Ontem à noite,
estava previsto um jantar para comemorar a divulgação
oficial da lista de artistas,
marcado para acontecer no
shopping Iguatemi.
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