São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2010

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Desacordo exclui Lygia Clark da Bienal

Curador considerou que exigências feitas pela instituição mantida pelo filho da artista eram "incompatíveis"

Números de brasileiros na lista oficial cresceu de 51 para 53 artistas em relação a listagem divulgada pela Folha


FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO

Apesar de serem confirmados para a 29ª Bienal de São Paulo, os pichadores que invadiram e picharam o andar vazio da última Bienal podem não ser considerados artistas por Agnaldo Farias, um dos curadores.
"Achamos que o trabalho deles é político, mas não sabemos se é arte, o que é uma questão secundária, pois muito artista, quando está em produção, tampouco se pergunta se está fazendo arte", disse Farias, ontem, na entrevista coletiva durante o anúncio da lista oficial de artistas escalados para a próxima edição da mostra.
Moacir dos Anjos, o curador-geral da Bienal, disse que os pichadores serão vistos em registros de suas ações -filmes e fotos-, além de participarem de debates nos terreiros do evento, que tem abertura prevista para o dia 25 de setembro.
"Eles nos procuraram e nos interessa a potência do que eles fazem", contou.

BRASILEIROS
Como a Folha antecipou há dez dias, 148 artistas irão tomar parte do prédio da Bienal e poucos nomes foram trocados em relação à lista prévia. O time brasileiro, por exemplo, cresceu para 53 nomes, em relação aos 51 da lista anterior.
Entre as mudanças, está a retirada da artista Lygia Clark da exposição.
"Decidimos retirar a Lygia ontem [anteontem] pois nos foram impostas tantas condições pela instituição O Mundo de Lygia Clark que as consideramos incompatíveis com a memória da artista", afirmou Farias.
"Queriam até controlar quem poderia escrever sobre ela", completou o curador.
Entre outras condições, a associação teria pedido três passagens áreas e o pagamento dos direitos das imagem dos catálogos.
"Cada um tem a instituição que merece. Hoje, O Mundo de Lygia Clark não tem patrocínio nenhum e precisamos cobrar para poder manter a associação aberta", disse Álvaro Clark, filho da artista e diretor da instituição, à Folha.
"Eu não tenho dinheiro para colocar na associação e não recebo um tostão. De fato, o Moacir me ligou dizendo que estava sem dinheiro, mas não tenho como abrir exceções", afirmou.
Já Heitor Martins, presidente da Bienal de São Paulo, anunciou ontem que o orçamento do evento está confirmado e será de R$ 30 milhões, sendo que a maior parte desse valor vem de leis de incentivo.
"Mesmo assim, conseguimos cerca de R$ 4 milhões diretamente". Ontem à noite, estava previsto um jantar para comemorar a divulgação oficial da lista de artistas, marcado para acontecer no shopping Iguatemi.


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