São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2010

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Aos 103, morre bailarino Kazuo Ohno

O artista japonês fundou, ao lado de Tatsumi Hijikata, o gênero de teatro-dança conhecido como butô

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Morreu ontem, aos 103 anos, por insuficiência respiratória, o dançarino japonês Kazuo Ohno.
Nascido na cidade de Hakodate, Hokkaido, em 1906, ele foi referência no mundo por ter criado, nos anos 60, junto com Tatsumi Hijikata, o gênero de teatro-dança conhecido como butô.
Ohno estava internado em um hospital em Yokohama e morreu às 16h38 (horário no Japão).
Em São Paulo, vários representantes da dança e do teatro estabeleceram forte conexão com o estilo criado por ele. Foi o diretor Antunes Filho que o apresentou ao Sesc, na década de 1980, o que resultou em três memoráveis apresentações do dançarino em São Paulo, em 1986, 1992 e 1997.
O butô, no entanto, já havia sido introduzido no Brasil na década de 1970 pelo japonês Takao Kusuno (1945-2001), que por sua vez influenciou artistas brasileiros como Emilie Sugai, José Maria Carvalho, Key Sawao, Ricardo Iazzetta, Ismael Ivo e Denilton Gomes.
O estilo criado por Ohno, manifestação artística que articula uma espécie de comunhão entre o plano espiritual e o organismo, fazia emergir de movimentos retorcidos e lentos, às vezes trêmulos mas firmados pela precisão de maquiagem branca, imagens tétricas, maliciosas e inebriantes.
As marcas deixadas pela Segunda Guerra no povo japonês, e com maior peso a tragédia provocada pelas bombas atômicas que atingiram as cidades de Hiroshima e Nagasaki, não raro foram relacionadas à criação, que de fato buscava brechas e sugestão de imagens do inconsciente coletivo.

ACERVO
O nu e o travestimento também são legados que Ohno disseminou por gerações que seguiram a sua. Uma de suas principais influências, além do trabalho de Tatsumi Hijikata, foi a dança moderna e, em especial, o trabalho da dançarina argentina de flamengo Antônia Mercé.
Há registros importantes de seus trabalho, no Brasil, incluindo fotos e imagens em vídeo guardados pelo Sesc e pela Fundação Japão. A Cosac Naify também publicou, em 2003, uma coleção de fotografias de Emidio Luisi, com textos de Inês Borgéa, em um livro de 160 páginas.


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