São Paulo, quarta-feira, 02 de julho de 2008

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Em turnê de despedida, Alban Berg volta a SP

Uma das principais formações de câmara do mundo toca hoje e amanhã

No repertório, está peça de compositor que serviu de inspiração ao nome do quarteto vienense, além de obras de Haydn e Beethoven

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

É tempo de dizer adeus a uma das mais relevantes formações de música de câmara do planeta. Hoje e amanhã, o Quarteto Alban Berg, de Viena, faz duas apresentações de sua turnê de despedida.
Embora, em geral, quartetos de cordas atraiam menos público do que grandes orquestras ou solistas virtuoses, os ingressos para ambas as apresentações estão esgotados. E não é para menos: desde sua estréia, em 1971, o Alban Berg estabeleceu um novo paradigma de excelência para quartetos de cordas. Às vezes, é possível ouvir este ou aquele membro atacar uma nota errada ou raspar o arco; mas, naquilo que em alemão se chama de "zusammen musizieren" ("fazer música juntos"), eles são imbatíveis.
Porque um quarteto de cordas é bem mais do que a soma de quatro musicistas afinados e talentosos. Os anos de convívio solidificaram uma enorme sabedoria conjunta, baseada no cuidado com a beleza sonora e na preocupação com o entendimento do caráter das partituras que são as características essenciais da escola vienense de música de câmara.
Se é assim, então, por que parar? "Bem, nós estávamos já próximos dos 40 anos juntos e queríamos nos despedir ainda em boa forma, enquanto podemos tocar bem", explica Günter Pichler, primeiro violino do grupo desde a fundação.
Na verdade, foi outro remanescente de 1971, o violoncelista Valentin Erben, quem manifestou o desejo de encerrar as atividades, há dois anos, devido à morte de Thomas Kakuska -violista do quarteto desde 1981 e que, ao lado do segundo violino de Gerhard Schulz (que entrou no quarteto em 1978), ajudou a moldar a personalidade sonora do Alban Berg. Kakuska morreu de câncer, em 2005, e até o fim insistiu para que o grupo seguisse na ativa. Indicou como sucessora uma aluna, Isabel Charisius, que, nas apresentações que o Alban Berg fez em São Paulo, em 2006, demonstrou talento e refinamento à altura do mestre -mas a motivação dos veteranos para continuar acabou se esmaecendo.
O programa de ambas as apresentações traz a mescla, bem característica do Alban Berg, entre os clássicos vienenses e a música do século 20. "A escolha do repertório de uma turnê dessas é sempre difícil", diz Pichler. "Queríamos obras que fossem importantes e representativas." Assim, ao lado do "Op. 77, nº 1", de Haydn, e do "Op. 132", de Beethoven, o grupo executa o "Quarteto Op. 3", de Alban Berg.
"No começo, havia alguma resistência por parte do público às obras modernas, mas, com os anos, as pessoas que iam aos nossos concertos para ouvir Beethoven e Schubert acabaram por desenvolver um gosto também pela música do século 20", conta Pichler.


QUARTETO ALBAN BERG
Quando:
hoje e amanhã, às 21h
Onde: teatro Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, tel. 0/xx/11/3258-3344)
Quanto: R$ 70 a R$ 150 (ingressos esgotados)


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